Marisa Matias critica prioridades de Cavaco Silva

A candidata presidencial Marisa Matias criticou hoje as prioridades do chefe de Estado, acusando Cavaco Silva de desrespeitar a democracia porque preferiu ouvir primeiro os banqueiros sobre a atual crise política e só depois os eleitores.

Marisa Matias critica prioridades de Cavaco Silva

"Se não fosse tão triste este ciclo de prioridades, quase que parecia uma versão surrealista ou muito moderna da Branca de Neve e dos Sete Anões", ironizou a candidata presidencial, numa intervenção num magusto em Santo António dos Cavaleiros, no concelho de Loures.

Lamentando que Cavaco Silva pense que o país pode esperar "infinitamente" e ache normal ainda não ter decido sobre o impasse político levantado pela aprovação de uma moção de rejeição ao programa do Governo de coligação PSD/CDS-PP, que implicou a sua demissão, Marisa Matias considerou, contudo, que "mais grave do que arrastar os pés" é o Presidente da República "achar que são os banqueiros que falam pelo país" e não os eleitores.

"É certo que Cavaco Silva conversa com quem bem quiser e com quem bem entender, mas é absolutamente lamentável que os cinco milhões de cidadãos que votaram no dia 04 de outubro tenham de esperar que o Presidente ouça primeiro sete banqueiros, e não digo isto apenas por uma questão de prioridades do Presidente, é mesmo por uma questão de total falta de respeito pela democracia e pela voz daqueles que elegem quem os representa", acusou, sublinhando que as eleições de 04 de outubro "trouxeram uma nova composição e um novo equilíbrio de forças à Assembleia da República".

Na sua intervenção, Marisa Matias deixou ainda uma nota sobre Marcelo Rebelo de Sousa, o "candidato da direita" às eleições presidenciais de 24 de janeiro, que durante 13 anos "falou de tudo", "desde a tática de futebol à promoção do leitão", e "agora não fala sobre nada".

"Do pouco que fala não diz nada de concreto ou, pelo menos, não diz nada que a gente perceba", argumentou a candidata apoiada pelo BE.

Mas, acrescentou, "há um silêncio que provoca muito ruído", porque durante os 13 anos em que Marcelo Rebelo de Sousa falou sobre tudo, a sua voz "nunca se ergueu para defender os salários de quem trabalha, as pensões de quem trabalhou toda a vida, a educação de todos, a saúde de todos".

Questionada pelos jornalistas no final da sua intervenção sobre a sondagem divulgada hoje pelo semanário Expresso, Marisa Matias, que surge em quarto lugar com 6,9% dos votos, disse apenas que os resultados mostram que a pluralidade de candidaturas à esquerda fez baixar as intenções de voto no "candidato da direita", Marcelo Rebelo de Sousa.

Relativamente ao resultado por si registado, Marisa Matias lembrou apenas que a sondagem foi realizada seis dias depois do anúncio da sua candidatura.

Segundo o último estudo de opinião – feito pela Eurosondagem para o Expresso e a Sic, entre 13 e 18 de novembro e com um universo de 1.510 entrevistas telefónicas – Maria de Belém surge em segundo lugar, com 18,9% dos votos, seguida de Sampaio da Nóvoa, com 16,7%, e Marisa Matias, com 6,9%.

Lusa/SOL