Ricardo Borges de Carvalho: ‘Todos somos capazes de imaginar negócios, mas poucos temos a coragem de arregaçar as mangas’

Jornalista há 12 anos, estagiou numa rádio local (rádio Mais – Amadora) e na SIC Notícias. O seu primeiro contrato na SIC Notícias foi em Janeiro de 2005 e apesar de ser de apenas 1 ano, ficou apenas 6 meses pois foi trabalhar para a Euronews (em Lyon). Foi jornalista e editor (substituto) de Desporto…

É ainda autor do blogue http://pontodeviragem.com/ onde procura colocar discursos ou momentos marcantes (e de preferência positivos) de pessoas mais ou menos conhecidas.

A vertente inovadora, no mundo empresarial, é crescente e cada vez mais um recurso a que os profissionais de todas as áreas recorrem. Ao longo dos anos trabalhou em várias empresas de renome nacional e internacional. Na sua opinião, quais as melhores estratégias para a diferenciação empresarial, no mercado?

A inovação e a qualidade do produto serão sempre fulcrais para o sucesso de uma empresa, mas para mim (e sendo alguém da área da Comunicação) o sucesso de uma empresa está também muito aliado à sua capacidade de Comunicação e Marketing. Duas das empresas que melhor trabalham estas áreas são a Nike ou a Apple. O produto é bom, mas o que fideliza os clientes é a capacidade que estas empresas têm de conseguir criar um laço "afetivo" com os consumidores e é nisso que as empresas têm de apostar. Ter bem claro o que o seu produto acrescenta ou se diferencia dos restantes que já estão no mercado e a partir daí traçar uma estratégia que tenha como objetivo ter uma Marca que deixe "marca" nos consumidores.

Um pouco por todo o Mundo, têm vindo a surgir eventos cujo objetivo final é motivar e ajudar indivíduos com ideias de negócio – como o Startup Pirates, o TEDx ou mesmo programas mais mediáticos e de entretenimento, como o americano Shark Tank. Na sua opinião, qual o impacto que estas iniciativas têm nas sociedades?

Para mim, a grande mais valia destes programas é mostrar que há muitas pessoas com ideias e que arriscam concretizá-las. Todos somos capazes de ter ideias, imaginar possíveis negócios, mas poucos temos a coragem de arregaçar as mangas e procurar que se tornem realidade. Estes programas revelam empreendedores e, além de serem bons momentos audiovisuais, impelem-nos a sair da nossa zona de conforto e a acreditar na concretização das nossas ideias.

Recentemente, alguns projetos nacionais foram apresentados em Silicon Valley. Este é um sinal de que o trabalho dos portugueses pode competir com mercados muito maiores?

É sobretudo um sinal de que a criatividade e o engenho dos portugueses está ao nível do melhores e que já não temos receio de apresentar os nossos projetos aos grandes investidores mundiais. Por vezes, os nossos projetos não são viáveis porque o mercado português não tem dimensão para os tornar rentáveis. Ao se apostar nos grandes mercados, basta conquistar uma "fatia" ínfima que já tornará o projeto viável.

Que conselhos daria a um jovem que pretendesse iniciar um negócio?

Acho que qualquer conselho se poderia bem resumir em duas palavras: Paciência e Persistência. São para mim as duas qualidades fundamentais que um jovem deve ter quando se inicia na "aventura" de um negócio. Muito importante, também, é ser humilde e procurar o conselho de outros empresários ou "players" que já estão estabelecidos no mercado há mais tempo. De certeza de que irá cometer erros, mas pode perfeitamente evitar alguns se ouvir o conselho de quem o precedeu numa aventura semelhante.

No dia 25 de Abril de 2014, destacou no seu blog uma citação de Salgueiro Maia: “Quando as pessoas começam a perder o medo, também é contagioso. Muitos elementos que, à partida, insistiam nas posições em que estavam porque tinham medo começam a ver os outros a partir as “amarras” e eles também as partem por arrastamento.” Na sua opinião, os jovens portugueses já perderam o medo de arriscar?

É uma tendência crescente, mas acho que ainda estamos um pouco atrasados em relação a muitos outros países. Nos últimos anos, devido à crise económica em Portugal e ao aumento do desemprego, muitos jovens emigraram ou criaram o seu próprio emprego, as circunstâncias "obrigaram-nos" a arriscar mais mas sinto que ainda não temos uma cultura "empreendedora" enraizada. É algo que está a mudar, a geração nascida neste milénio já não se cinge apenas a Portugal quando procura um emprego ou uma melhor educação, mas é uma mudança de mentalidades que ainda vai levar algumas gerações até se consolidar.

Quais os conselhos que daria a um jovem que pretendesse enveredar pelo ramo da comunicação?

Que seja humilde, que se esforce a 100%, que não tenha medo ou vergonha de perguntar o que não sabe e que encare cada hora na empresa como um investimento em si próprio. Nos últimos anos, tive estagiários que sabendo que as hipóteses de ficarem na empresa eram escassas, acomodavam-se e passavam demasiado tempo nas redes sociais ou olhavam para o relógio bem antes da hora de saída.

Vivemos num mundo muito competitivo e não temos assim tantas hipóteses de mostrar o nosso valor. Por isso, quando as temos, não as podemos desperdiçar.

Artigo escrito por Miguel Frade ao abrigo da parceria entre a Conferência "Começar Hoje o Caminho do Amanhã" com o Jornal SOL.