Estados de Alma

1. Islamismo. Os ataques de Paris e um artigo de José Manuel Fernandes no Observador puseram-me a pensar na diferença entre ser muçulmano e ser islamita. Islamismo=Islão+ismo: a primeira parcela refere-se à religião e a segunda, ‘ismo’, é um sufixo de origem grega que exprime a ideia, sistema político ou ideologia. O islamismo é, assim,…

Pesquisando na net, encontrei um excelente artigo – What is Islamism? History and Definition of a Concept, de Mehdi Mozaffari, publicado em Totalitarian Movements and Political Religions, Março de 2007 – que avança a seguinte definição: «O islamismo é uma ideologia religiosa, que propõe uma interpretação holística do Islão, e cujo objetivo final é o domínio mundial por quaisquer meios».

O islamismo é uma ideologia totalitária, abrangendo todos os aspetos da vida – a trindade Deus, modo de vida e governo –, que não renuncia à violência para atingir os fins. Assim sendo, o islamismo é análogo ao comunismo e ao nazismo – que também tinham aspetos de crença religiosa pagã –, uma espécie de ‘fascismo clerical’.

Surpreendentemente, o islamismo é tratado no ocidente de forma muito diferente do nazismo (ou, no passado, do que foi o comunismo ‘brigadista’). A ‘avó nazi’ é perseguida por negar o holocausto e os partidos nazi estão ilegalizados em muitos países, mas os imãs islamitas têm liberdade de expressão e reunião.

Nota final para evitar mal-entendidos: falei de islamismo e não do Islão, a religião, que cuja prática deve ser respeitada e defendida.

2. Uma proposta. Pedro Passos Coelho avançou uma proposta de revisão antecipada da Constituição que permitisse a dissolução do Parlamento e a realização imediata de novas eleições. Concordo que a realização de novas eleições seria a única solução clarificadora e credível para o imbróglio em que vivemos. Mas, neste momento, a proposta de PPC não pode ser tomada a sério. É como querer fazer um seguro de incêndio quando a casa já está a arder. Deveria ter pensado nisto há uns anos, por detrás do véu da ignorância. Esta falta de capacidade ou inclinação para ir além do quotidiano e perspetivar o futuro foi a maior falha dos seus anos como primeiro-ministro. Paga agora o preço.