Guterres: Imagem dos refugiados ‘não mudou’ após atentados de Paris

     

O Alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), António Guterres, afirmou hoje que a imagem das milhares de pessoas que pedem asilo na Europa provenientes de países em conflito "não se alterou" após os atentados de Paris.

O representante das Nações Unidas, que se encontra atualmente de visita ao Japão, destacou que nas zonas da Europa em que assentam "poucos refugiados" são precisamente aquelas onde existe um maior grau de xenofobia relativamente a eles.

A população autóctone "muda a sua perceção" sobre eles quando estes se fixam nos seus novos lugares de residência, disse Guterres, para quem se afigura importante "pôr ordem" e "organização" para que a entrada na Europa de quem foge dos seus países de origem não seja caótica, nem uma preocupação para os cidadãos.

Questionado sobre a eventual relação entre os 'jihadistas' e os requerentes de asilo, Guterres apelou a "distinguir" uns de outros, insistindo que "os refugiados são vítimas dos terroristas".

Relativamente à política de asilo do Governo japonês, Guterres assegurou que o número de refugiados acolhidos pelo país asiático "é pequeno", atribuindo esse cenário nomeadamente ao facto de o Japão estar longe das zonas de conflito.

Apesar de os dados oficiais mostrarem que o Japão acolheu como refugiados 11 de 5.000 requerentes em 2014, Guterres destacou que o Governo de Shinzo Abe "tenta fazer um bom trabalho" e tem sido de "grande apoio" ao trabalho do ACNUR.

O emissário das Nações Unidas firmou hoje um acordo com o gigante têxtil japonês Fast Retailing, a quarta empresa do setor a nível global, que vai doar 10 milhões de dólares (cerca de 9,3 milhões de euros) nos próximos três anos para os requerentes de asilo.

Ao abrigo do acordo, a empresa proprietária da Uniqlo vai também recolher nos seus pontos de venda roupa usada e ceder 150 mil casacos para os refugiados que chegam às costas e às fronteiras da Europa.

O presidente da Fast Retailing, Tadashi Yanai, realçou que o Japão "perdeu tudo" na II Guerra Mundial e, novamente, durante o sismo e tsunami de 2011, e que se recuperou graças à "ajuda internacional", uma circunstância que o motivou a envolver-se nesta causa.

Na liderança do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) desde 2005, António Guterres vai deixar o cargo no final do ano e ser substituído pelo diplomata italiano Filippo Grandi.

Lusa/SOL