Alunos em risco de abandono premiados pelo sucesso escolar

Diogo tinha dificuldades na escola, mas, com ajuda, entrou no curso que queria, enquanto Andréa é uma aluna de elevado mérito académico que sonha seguir medicina. Histórias de dois estudantes que hoje recebem uma bolsa da EPIS.

A Associação EPIS — Empresários Pela Inclusão Social lançou em 2011 um novo programa de bolsas sociais para premiar alunos mas também escolas que se destacam pelo trabalho com jovens em risco de insucesso ou abandono.

Nas cinco edições até agora realizadas foram distinguidas 42 escolas, 104 alunos e atribuídos cerca de 150 mil euros em prémios.

Este ano, Diogo Dias e Andréa Mateus são dois dos 23 estudantes galardoados em diferentes categorias (existem oito): Diogo ganhou o prémio por mérito no ensino superior e vai receber 800 euros e Andréa vai receber 400 euros por mérito no secundário.

As vidas dos dois jovens só hoje se vão cruzar, durante a cerimónia de atribuição das bolsas, no Museu da Água, em Lisboa.

Diogo Dias nasceu numa aldeia nortenha, mas a sua vida mudou repentinamente: "Fui morar para Setúbal e depois tive de viver sozinho em casa de uns tios. Ocorreram várias mudanças. Andava sempre desmotivado e tinha problemas em concentrar-me", contou à Lusa o jovem.

Sinalizado como aluno em risco, Diogo acabou por ser acompanhado, durante os três anos de liceu, pelos mediadores da EPIS, equipas compostas por psicólogos e professores que trabalham para o sucesso escolar dos estudantes.

Diogo passou a interessar-se pela escola e terminou o secundário com média de 14,10 valores, o que lhe permitiu entrar no curso de Design Industrial, no Instituto Politécnico de Leiria.

Agora vai receber uma bolsa de 800 euros anuais, durante os três anos do curso, que o ajudará a pagar as despesas diárias de um universitário a estudar longe de casa.

"No início pensei 'vou concorrer', mas nunca nos calha a nós". Mas depois ligaram-me a dizer que tinha ganho e foi muito bom. É um orgulho", recordou Diogo Dias, garantindo que esta bolsa "é uma motivação" e que agora vai esforçar-se ainda mais nos estudos.

A história de Andréa Mateus é diferente. A aluna de Oleiros já tinha uma motivação antes de receber a bolsa: entrar na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Por isso, sempre estudou diariamente e tem como lema "nunca desistir, mesmo quando as coisas correm menos bem".

Agora está no 10.º ano e foram as suas notas do 9.º ano – média de cinco valores (de zero a cinco) – que lhe valeram o prémio da EPIS, o que significa que vai receber 400 euros anuais nos próximos três anos.

"Faço os trabalhos de casa e depois faço sempre uma revisão da matéria de tudo o que dei durante o dia. Com as disciplinas que tenho mais dificuldades perco mais tempo, mas normalmente é mais do que uma hora e meia" de trabalho, explicou à Lusa.

A EPIS decidiu atribuir-lhe uma bolsa pela "ambição demonstrada para o prosseguimento de estudos".

Este ano, o programa de bolsas sociais representa um investimento global de cerca de 38.500 euros.

Desde que foi criada, em 2006, a EPIS já acompanhou mais de 18 mil alunos, com a ajuda de 217 mediadores.

Lusa/SOL