Festival de cinema a 360 graus volta a Espinho

O Festival de Cinema Imersivo regressa a Espinho para, após o interregno necessário à instalação de um sistema de projeção “único no país”, ter em competição de sexta-feira a domingo 55 filmes exibidos em tela a 360 graus.

António Pedrosa, diretor do Planetário de Espinho, que organiza o certame, recordou que as edições de 2009 e 2011 foram realizadas com recurso a equipamento disponibilizado por empresas da área, o que vinha implicando grandes esforços em termos de instalação.

"Entretanto, o Planetário entrou num processo de 'upgrade' e, embora o interregno tenha sido um pouco mais demorado do que o inicialmente previsto, estamos agora em condições de realizar o festival utilizando o nosso próprio equipamento: um sistema único no país, com projeção de imagem a 360 graus, com a possibilidade de a exibir em 3D", disse António Pedrosa.

A terceira edição do Festival de Cinema Imersivo de Espinho terá assim 55 filmes a concurso, provenientes de países como Espanha, França, Reino Unido, Holanda, Alemanha, Polónia, República Checa, Rússia, Tailândia, Brasil, Estados Unidos da América, Coreia, Japão e Austrália.

Nesse cartaz, 30 obras são médias e longas-metragens a avaliar por um júri especializado e 25 têm a duração média de cinco minutos, sendo que, nesse caso, estarão sujeitas a votação por parte do público.

António Pedrosa adiantou que todos os filmes em competição são estreias a nível nacional e realçou que entre elas estão duas 'premières' absolutas: a do filme "The City/A Cidade", realizado por Francisco Pimpão, que é a única obra portuguesa a concurso, e a produção holandesa "Life under the artic sky/Vida, sob o céu ártico", que abrirá o festival, na sexta-feira à noite.

Outros filmes que o astrónomo destaca entre a programação são "Supervolcanoes/Supervulcões", uma produção norte-americana "de excelente qualidade", e também "Dark Universe/Escuro Universo", que constitui a mais recente produção do Planetário de Nova Iorque, é narrada pelo seu diretor, Neil deGrasse Tyson e "já intitulada uma verdadeira obra-prima".

Ciência, arte e entretenimento são os temas dominantes entre os filmes do certame, cuja realização de dois em dois anos visa assegurar precisamente a qualidade das obras a exibir.

"O nível de produção deste formato, como acontece com qualquer outro, está diretamente associado à procura, mas um sistema de projeção a 360 graus tem custos altos e daí o número de planetários com esta tecnologia ser ainda algo limitado [e não chegar a mais espetadores] ", explicou o diretor do evento.

"É por isso que o evento é bienal: temos que dar tempo a que novas produções surjam, para se fazer um festival com muita qualidade, como foi um dos grandes objetivos da edição deste ano", acrescentou.

A outra prioridade do certame é "oferecer ao público algo de único e diferente", proporcionando-lhe o contacto com um género de cinema em que "a projeção a 360 graus preenche todo o campo de visão do espetador", pelo que, com o decorrer do filme, ele "começa a sentir-se imerso na própria ação e fazendo parte da mesma".

Se António Pedrosa nota "um desenvolvimento substancial" no cinema imersivo desde a última edição do festival em 2011, para isso contribuirá também o entusiasmo motivado no púbico pelo grau de exigência aplicado nas áreas técnicas de complemento à imagem. "Alguns dos conteúdos são narrados por atores muito conhecidos, como Sigourney Weaver ou Benedict Cumberbatch, o que, de alguma forma, chama a atenção para o facto de, numa projeção a 360 graus, o áudio desempenhar igualmente um papel crucial", defende o astrónomo.

Lusa/SOL