Os ziguezagues da moção de rejeição

Primeiro o PSD anunciou que rejeitaria tudo do Governo do PS a torto e a direito, numa ofensa completa com a democracia parlamentar e a maioria de esquerda, por cima dos seus votos insuficientes (ainda por cima avessos a negociações). Depois, mais calmo, já com a crispação a diluir-se após a inevitável consumação do novo…

Veio finalmente Marques Mendes explicar na Televisão domingo passado que o PSD tinha de avançar com a tal moção de rejeição, e aí veio ele com ela (rejeitada a moção pelo Parlamento anteontem). Com tantos ziguezagues, ainda bem que estão na oposição. Embora o PS, naturalmente, agradeça a moção que obrigou PCP e BE a mostrarem-se indubitavelmente com ele. Quanto à moção em si, nem tenho uma opinião definitiva (dividido entre o que penso ser importante para o Governo e o PS, a moção, e o que me parece mais útil para o PSD, que me abstenho de afirmar aqui, por não estar totalmente seguro por exemplo da mera vantagem de uma posição para o futuro ou para a História). Só quanto aos ziguezagues – que me parecem patéticos, e mais patéticos quando se atêm às orientações de um suposto comentador (apesar de ser da família, e menos crispado do que os dirigentes deste PSD, inclusive, na minha opinião, bastante mais lúcido). Entre isso, e os risinhos do ex-primeiro-ministro por o atual ministro das Finanças ser menos ligado ao governador do Banco de Portugal do que a sua antiga ministra (e talvez por isso apelidado por um deputado social-democrata pouco culto de Grouxo Marx).

De qualquer maneira, o País lá vai andando, indiferente a estas questiúnculas. É caso para lembrar o anexim de os ‘cães a ladrarem, e a caravana a passar’. Teremos de ver é como se vão desmobilizar os que são profundamente contra o parlamentarismo, e não querem aceitar este Governo, deliciando-se a convocarem manifestações regulares (afinal, contra o 25 de Novembro, e o seu implícito parlamentarismo, que PSD e CDS dizem querer perfilhar). Porque o PSD terá de virar a página do discurso da ilegitimidade, como parece ser já consensual, mesmo dentro do Partido, e que estimulou os tais manifestantes pouco conformes com a história e o programa do partido, mas muito afetos à atual direção.