Vítima da “sharia laranja” ou “Donald Trump” à portuguesa? Pacheco Pereira agita as redes sociais

Duarte Marques defendeu, em declarações ao i, que Pacheco Pereira devia “sair pelo próprio pé” do PSD. No Facebook, as reações não se fizeram esperar, da esquerda à direita.

 

 

“Hoje sou ‘pachecopereirista’”, declara o socialista Ascenço Simões, na sua página pessoal, criticando as declarações do social-democrata Duarte Maques.

 

Num post ilustrado com a fotografia do deputado da bancada laranja, Ascenso Simões arranca com um “Expulsão Já” para continuar com um irónico: “No dia da Imaculada Conceição o imaculado Duarte Marques propõe da expulsão de Pacheco Pereira do PSD. Não havendo missa há, pelo menos, arraial.”

 

“Ainda vou ver um outro Duarte Marques a pedir a expulsão deste Duarte Marques, quando e se este, o de hoje, ousar, um dia, ter opiniões para além da caixa”, escreve num post comentado por outro socialista, José Magalhães.

 

“O José Pacheco Pereira é difícil de classificar: trajeto radical antifascista, libero quando ingressou na vida docente, recrutado pelo PSD como atípico, etc. Foi salvo da sharia laranja pelo vírus cultural e por mim que lhe dei porrada metódica durante 25 anos”, comenta Magalhães.

Mas se à esquerda o tom é de defesa do antigo dirigente social-democrata que já participou no Congresso das Esquerdas e que será um dos oradores numa ação de campanha da candidata presidencial do BE, Marisa Matias, da direita vêm ataques.

“Tudo o que José Pacheco Pereira é deve-o à vida partidária: antes de ser outra coisa qualquer, foi deputado, líder parlamentar, presidente da distrital de Lisboa e deputado europeu. Sem o aparelho do PSD, Pacheco Pereira não teria carreira nem qualquer visibilidade”, escreve no Facebook o deputado social-democrata Carlos Abreu Amorim.

Apesar das críticas, Abreu Amorim não alinha com Duarte Marques. “Não julgo ser boa ideia pedir a sua saída”, diz o deputado, explicando que propor o fim da ligação de Pacheco Pereira ao PSD será dar-lhe protagonismo.

“Primeiro porque se lhe oferece aquilo que ele mais deseja: cartaz e a ilusão de importância política. Depois porque não vale a pena – pois há uma constatação que fora do PSD poucos suspeitam: as suas opiniões têm um peso político interno equivalente ao de Donald Trump quando este disserta acerca da política internacional”, defende Carlos Abreu Amorim.

 

Pela sua parte, Duarte Marques usa o Facebook para deixar claro que o que está em causa nunca foi convidar Pacheco Pereira a abandonar o partido, mas questionar os motivos pelos quais ainda está vinculado ao PSD, apesar da forma crítica como se posicionou em relação à governação de Passos Coelho.

 

“Jamais defendi a expulsão de Pacheco Pereira mas sim a sua saída pelo próprio pé”, escreve Duarte Marques.

 

Ao i, Duarte Marques afirmou não achar incoerente a participação de Pacheco Pereira numa ação de campanha de Marisa Matias. “Na vida política de Pacheco Pereira a única coisa que é incoerente é continuar a ser militante do PSD. Se pensasse como ele, teria vergonha de ser militante do PSD”, disse.

margarida.davim@sol.pt