A desilusão de Sócrates com Costa

“Ao fim de seis meses, eu o que esperava era que o PS dissesse ‘não será já o momento de apresentar as provas?’”, afirmou José Sócrates em entrevista à TVI. O ex-governante socialista escusou-se a qualificar a relação que mantém com António Costa, mas não resistiu a deixar algumas farpas à forma como o atual…

“Deixemos as minhas relações com António Costa entre mim e António Costa”, acabou por responder, depois de José Alberto Carvalho insistir em querer saber se o tinha “desgostado” o facto de o líder socialista ter querido sempre deixar “à política o que é da política e à Justiça o que é da Justiça”.

 

“Todos aqueles que eu queria que estivessem comigo estiveram comigo”, acabou por afirmar, relevando não ter pedido a ninguém que deixasse de o visitar quando esteve preso em Évora.

 

De resto, a maior crítica – sempre implícita – foi para a forma como Costa se escusou a questionar as motivações políticas de um caso que considera ter prejudicado o partido nas legislativas e a forma como um ex-primeiro-ministro esteve detido durante 11 meses em prisão preventiva e continua 13 meses depois sem acusação formada.

 

“Numa democracia, quando vemos um abuso sobre alguém é uma ameaça sobre os demais”, frisou, parafraseando o filósofo francês do século VIII, que ficou conhecido pela sua teoria da separação de poderes, Montesquieu.

 

Sócrates considera, aliás, que a Operção Marquês “prejudicou o PS” e que essa intenção política revela-se até no timing da sua libertação. “Só me libertaram depois das eleições”, disse, defendendo que, em seu entender, agora já nem há motivo para haver uma acusação. “As consequências foram obtidas”, lançou.

margarida.davim@sol.pt