Drones são a loucura deste Natal

Alexandre Castro comprou o seu primeiro drone, um modelo AR Drone 2.0 da Parrot, em agosto de 2013 porque sempre teve uma «grande curiosidade sobre a forma de controlar objetos voadores». A esta curiosidade natural, o entusiasta destes mini-helicópteros que estão a tornar-se banais em Portugal junta como um dos motivo que o levaram a…

O deslumbramento por este tipo de tecnologia vinha de longe: «Cheguei a ter um helicóptero rádio controlado antes, mas era difícil manobrá-lo. Os drones são ‘inteligentes’: mesmo quando se largam os comandos, ficam completamente ‘parados’ no ar, a aguardar instruções».

No início, Alexandre Castro, de 53 anos, ‘treinou’ os primeiros voos na garagem do seu prédio, «para ganhar confiança e não deixar o drone fugir». Depois do período de adaptação, os espaços de eleição para os voos passaram a ser «jardins sem público e outros espaços livres de pessoas».

Este cuidado prende-se com um ponto essencial: a utilização dos UAV (Unmanned Aerial Vehicle, designação inglesa para drones) ainda não tem enquadramento no país, apenas regras básicas previstas em legislação que regula a aeronáutica.

Alexandre procurou, por isso, algumas orientações na internet antes de sair para a rua com o seu drone: «No princípio, tinha de encontrar informação a nível internacional, principalmente em fóruns da especialidade nos EUA, para pelo menos ter uma ideia do que são consideradas as boas práticas». Dois anos depois de ter comprado um drone, a utilização dos UAV continua sem  legislação específica.

Preços para todos os bolsos

Alexandre Castro é o exemplo de um ‘piloto’ cuidadoso, não só ao nível da utilização, como ao nível do acondicionamento das imagens que recolhe: tenta captar só imagens panorâmicas e só divulga «algumas das filmagens, nomeadamente dos sítios mais emblemáticos e bonitos, como monumentos, num fórum internacional criado para este efeito».

No entanto, nem todos os fãs dos drones são sensíveis ao potencial perigo para a segurança pública e para o atropelo da privacidade que estes objetos podem representar.

Quando Alexandre comprou o seu drone, pagou 299 euros. Mais tarde, adquiriu um GPS por 99 euros, que lhe permite «pré-determinar um percurso de voo e visualizá-lo – não tripulado nem controlado – em tempo real ou não, fazendo todo o tipo de manobras à distância». O entusiasta reconhece que «o equipamento não é propriamente muito barato»: «Talvez seja por isso que as pessoas que conheço proprietárias de drones destes são gente que tem uma grande afinidade com novas tecnologias, adeptos da área de multimédia e processamento de imagem».

 Comprar um aparelho com estas características pode ainda ser caro, mas hoje em dia já é possível adquirir um UAV a preços muito competitivos. Na loja online My drone, o modelo mais barato custa 79 euros, na Worten o preço mais baixo é de 69,99 euros e na Fnac custa 109,75 euros. Há ainda opções mais em conta nos sites Amazon e e-Bay e noutros sítios da internet especializados. Há ainda lojas de brinquedos com drones para crianças a 40, a 50 e a 100 euros. Com câmara incluída.

Parlamento Europeu quer legislação

Com a chegada do Natal, os drones são um presente bastante procurado, tanto para miúdos como (e especialmente) para graúdos. – o que alarga exponencialmente o espetro de utilizadores e, logo, o risco de incidentes.

Em Inglaterra, uma criança de um ano e meio perdeu um olho, no mês passado, após ter sido atingida por um drone manobrado por um amigo da família, noticiou a BBC.

Apesar de não haver ainda legislação pensada exclusivamente para estas aeronaves, há um sem número de empresas privadas e organismos públicos a explorar as suas potencialidades. Por agora, são já comuns para captar imagens televisivas, quer para a produção de ficção quer para cobrir eventos mediáticos e informativos (em maio, por exemplo, a TVI filmou com recurso a este meio os adeptos benfiquistas a celebrar o título no Marquês de Pombal).

Também são usados  para visionar lugares de difícil acesso, como pontes ou telhados, vigiando assim o desgaste dos edifícios. A Marinha tem, desde o ano passado, drones que fazem a vigilância da costa. E desde 2012 que o projeto Firemap, lançado pela Universidade do Minho, ajuda a monitorizar as florestas com recurso a UAV.

Dado o crescendo do mercado em todos os países da Europa, os deputados do Parlamento Europeu votaram a 29 de outubro, por  maioria absoluta (581 votos a favor, 31 contra e 21 abstenções), um relatório onde é pedida «a criação urgente de regras para este sistema».