Marcelo agora só depende dele. Mas já mostrou ter deixado as diatribes da juventude, como a natação no Tejo. E o excesso de retórica vaga e incontida. Desta vez surge muito mais sóbrio, e com cara de Presidente que vai deixar o País radiante depois do cavaquismo de Belém. Basta que não se entupa na TV, como se entupiu perante Sampaio (mais velho, lenda da crise académica de 62, etc.) na campanha das autárquicas de Lisboa. Tudo indica que agora não o vai fazer (ciente de tudo o que o rodeia), nem perante o ex-reitor (figura que institucionalmente tenderá sempre a respeitar muito) Sampaio da Nóvoa.
A fama de inteligente (sem se revelar arrogantemente ‘adiantado mental’ como outros), o ar divertido, e a capacidade de comunicação beneficiam-no como a ninguém – mesmo junto de eleitorados alheios ao PSD.
E já mostrou não ceder a tentações repentinas, quando ignorou as exigências de setores ligados à anterior maioria governamental para se comprometer a convocar novas eleições. Ou quando fez Passos engolir as exigências anteriores contra o tal ‘cata vento’, por não ter alternativas. Embora eu pense que vai acabar por alinhar com a sua família política.
De resto, o povo social-democrata está tão satisfeito com Marcelo, que a sua aura de velho militante pode espevitar mesmo o partido para acabar de vez com as experiências dos últimos tempos, e regressar ao seu velho redil político-ideológico (muito mais central). Mais uma dor de cabeça para a atual direção do PSD, e mais um motivo do prazer para os eleitores e militantes do Partido – que talvez não tenham ainda alternativa a Passos no próximo Congresso do Partido (veremos…).
