Cultura 2015. O Acontecimento. Nova casa dos coches abre ao público

É decididamente um museu para o século XXI: betão, vidro, espaços amplos no interior, linhas contemporâneas. Encomenda de Manuel Pinho (ministro da economia de José Sócrates) ao arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha (prémio Pritzker em 2006), que contou com a colaboração do português Ricardo Bak Gordon, as obras arrancaram no início de 2010. No…

A nova casa dos coches não custou dinheiro ao Estado, porque os 40 milhões de euros necessários para a levantar foram suportados pelas contrapartidas do Casino Lisboa. Ainda assim desde o início está envolta em polémica.

Em primeiro lugar porque o Museu dos Coches já era, antes de ter novas instalações, o segundo mais visitado do país, registando perto de 207 mil entradas no ano de 2014. Para quê mudar algo que constituía um caso de sucesso entre os turistas? Em segundo lugar, havia a questão de  o novo espaço não ter capacidade para juntar todos os coches da coleção (continuando uma parte desta no Paço de Vila Viçosa). Terceiro: embora o museu não tenha tido custos para o Erário Público, as contrapartidas do Casino Lisboa poderiam ter sido usadas de outra forma – assim como o edifício podia ser usado para um Museu dos Descobrimentos e não de forma ‘redundante’ para um museu que já existia. E, por fim, vinham as motivações de ordem estética: nem todos gostaram do projeto, e houve mesmo quem lhe chamasse ‘a garagem’.

Os fãs das antigas instalações tiveram no entanto uma consolação: o antigo picadeiro real do Palácio de Belém, transformado em museu em 1905 pela Rainha Dona Amélia, continua visitável.

Sucesso de bilheteira

Com a trasladação das viaturas para o edíficio novo, procedeu-se também ao restauro das jóias da coroa. Peças de aparato como o Coche dos Oceanos, que integrou a embaixada enviada por D. João V ao Papa Clemente XI, em 1716, foram devolvidas ao esplendor original.

Ocupando o lugar das decrépitas Oficinas Gerais do Exército, o novo espaço, com uma área expositiva de seis mil metros quadrados (três vezes superior à do antigo picadeiro), inagurou a 23 de Maio de 2015, com cerca de dois anos de atraso e antes de o projeto museológico estar concluído.

Contando com os dois espaços, nos primeiros três meses de funcionamento o museu recebeu mais 82 mil visitantes que no mesmo período de 2014. E, tendo em consideração apenas o novo edifício, a instituição registou um acréscimo de cerca de 45 mil visitas em relação ao mesmo período do ano anterior.