O que vale a palavra de Paulo Portas

Paulo Portas anuncia novamente a saída do CDS, mas a sua palavra não vale muito, se nos lembrarmos do que aconteceu quando de lá saiu em 2005, ou da mais recente demissão ‘irrevogável’. Logo um amigo seu e correligionário, António Pires de Lima, afirma hoje no DN não acreditar na verdade desta saída: «É um…

Parece é que está bem na vida, muito melhor do que os pais (e não esqueçamos que o pai é um arquiteto de grande sucesso, e a mãe uma autora consagrada), e ninguém oapanha. Mesmo quando ele se excede ao rejubilar com a falha da Justiça Portuguesa no caso dos submarinos.

Enfim, deixou em testamento, como uma espécie de herdeiros na liderança do partido, 3 nomes: João Almeida, Mota Soares e Assunção Cristas. Depois soube-se que Nuno Melo, o que mais se esforçara por tornar impossível a sucessão de Ribeiro eCastro, é o que tem maiores apoios – o que o fez entrar também na lista de prováveis herdeiros.

João Almeida já se pôs fora desta lista. Anunciou no Facebook que não está na corrida à liderança mas não deixará de apresentar uma moção de estratégia.

Já Nuno Melo, como seria de prever e se comprova pelas notícias de apoios, agarra-se com unhas e dentes à corrida pela sucessão, partindo como o mais provável vencedor.

Tenho para mim que a última tentativa séria de tornar o CDS um partido forte foi a de Ribeiro e Castro. Mas não teve sucesso, parecendo que o partido foi moldado de outra forma. Germinou esta nova forma ainda nos tempos de Paulo Portas no Independente, um jornal que foi mais um projeto político de nova Direita do que uma verdadeira aposta jornalística (apesar da baforada de ar fresco que representaram algumas das suas ações, incluindo na escrita). Aí está um livro de 2 jornalistas (Filipe Santos Costa e Liliana Valente) para lembrar essestempos.

Paulo Portas moldou de tal modo o CDS aos seus sonhos de populismo de moda, que chegou a mudar-lhe o nome para um em que sobressaiam as suas próprias iniciais: PP. Mas rapidamente teve de abandonar as suas grandes bandeiras, a começar pela anti-europeia.Terá ainda alguma probabilidade de recuperar da colonização pelo PSD?

Duas últimas conclusões: António Costa não só conseguiu unir a esquerda, como desunir a direita. E Passos Coelho (que se tem mostrado tão moldável pela realidade – será isto o pragmatismo de que fala Cavaco? – como Portas) encara agora o seu próprio futuro, perante a possibilidade de reconfiguração do PSD.