Rui Veloso. “A única pessoa que detestei conhecer foi Roger Waters”

Deu o primeiro concerto há 35 anos. “Em Lagos, 18 de Dezembro de 1980. Havia uns estrangeiros e eu estava para lá no meio”. Agora acaba de editar um álbum duplo comemorativo dos 35 anos de carreira. “O Melhor de Rui Veloso” serviu de pretexto para uma conversa no estúdio que construiu ao longo dos…

Rui Veloso. “A única pessoa que detestei conhecer foi Roger Waters”

Quem são os seus heróis na música?
O B.B. King, o Clapton, o Hendrix, o Springsteen, o Tom Petty. O Tom Waits é outro que eu adoro, tenho tudo dele.

Já foi a algum concerto dele?
Já. Em Barcelona. Tenho muita pena de ter ficado na última fila, mas foi o que se arranjou.

E algum desses heróis o desiludiu?
A única pessoa que detestei conhecer, que achei de uma grosseria enorme foi o Roger Waters. Fui-me apresentar e ele foi especialmente mal-educado comigo.

O que é que ele disse?
Nem sequer olhou para mim. Disse-lhe: “Estive a tocar antes de si”, ele nem ligou. Estendi-lhe a mão e fiquei com a mão estendida. E sem olhar para mim disse-me qualquer coisa como: “Não falo com ninguém antes de tocar”. Foi-se embora e deixou-me pendurado. Foi a pessoa mais desagradável da música que eu conheci.

Qual foi o melhor concerto a que assistiu na vida?
Vi muitos. O que me emocionou mais foi o Stevie Wonder no estádio do Restelo em 1985. Mas vi outras coisas que me encheram as medidas. Vi os Rolling Stones, Pink Floyd, Peter Gabriel, Elvis Costello, Prince, muitos músicos de jazz, desde o Keith Jarret ao Herbie Hancock, Miles Davis. Frank Zappa é um concerto inacreditável. Fomos para Barcelona de carro, quatro amigos, demorámos dois dias, ainda não havia auto-estradas.

É capaz de fazer uma viagem para assistir a um concerto?
Antigamente íamos a Barcelona, íamos a Madrid para ver concertos: Dire Straits, Rolling Stones, Prince. Agora infelizmente é só festivais carregadinhos de gente.

Não vai a festivais?
Os festivais são um bocado como os eucaliptos: secam as coisas à volta. Está bem, todos têm direito à vida. Mas uma pessoa tocar no meio de cem não traz grande coisa. Há uns gajos bons que vêm de vez em quando, mas para ir ver Coldplay ou U2 não tenho pachorra nenhuma.