Economia2015. A Surpresa. Sérgio Monteiro privatizou tudo

Depois de ter falhado a venda do Novo Banco no prazo previsto, o Banco de Portugal (BdP) surpreendeu o país em Outubro ao anunciar a contratação de Sérgio Monteiro, secretário de Estado dos Transportes do governo de Passos Coelho, para o cargo de coordenador global do processo de venda da instituição.i

Economia2015. A Surpresa. Sérgio Monteiro privatizou tudo

Sérgio Silva Monteiro entrou para o Executivo em 2011 para ocupar o cargo de secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, vindo da administração do banco de investimento do CGD, o CaixaBI.

Foi responsável pela privatização de empresas como a ANA, TAP e CP Carga. Também tratou das subconcessões dos transportes públicos de Lisboa e do Porto (Carris, Metro de Lisboa, Metro do Porto e STCP). Deu a cara pelas renegociações das parcerias público-privadas rodoviárias, que envolveram os bancos. Apesar de manter o vínculo à CGD, será agora dispensado sob um regime de prestação de serviços.

Carlos Costa justificou a contratação com a necessidade de «encontrar um responsável de reconhecido mérito e elevada experiência em operações desta natureza que pudesse assegurar a coordenação e gestão de toda a operação, incluindo o acompanhamento do programa de transformação a implementar pelo Novo Banco, que é condição essencial para a sua venda».

Já Sérgio Monteiro não escondeu a sua satisfação pelo novo desafio. «A realidade é o que é e por isso venho animado com as novas funções. Sobretudo é regressar a tudo aquilo que fiz durante a minha vida. Eu disse sempre que a minha missão em serviço público em funções políticas era desta legislatura, eu fui sempre da área financeira e agora regresso à área financeira», disse no final da tomada de posse do atual governo.

Mas a decisão não caiu bem no Executivo de Costa. O ministro das Finanças, Mário Centeno, já criticou declarações de Sérgio Monteiro relativas à venda do Novo Banco. O vencimento também gerou polémica. O ex-governante irá receber 30 mil euros, depois de o Banco de Portugal já ter gasto milhões de euros em assessorias financeiras e jurídicas.