‘Treinar para os exames é pernicioso e nocivo’

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, justificou esta tarde o fim dos exames nos 4º e 6º anos do ensino básico como resultado de uma orientação política deste Governo de “criar uma escola inclusiva”, que privilegie a aquisição de conhecimentos, e de “cortar com a escola seletiva”, baseada no exames.

‘Treinar para os exames é pernicioso e nocivo’

“O modelo anterior, dos exames, não estava só errado, era acima de tudo nocivo: treinar para os exames é pernicioso e nocivo. As mudanças agora introduzidas estão cimentadas em estudos nacionais e internacionais, que já estavam feitos e que nos dizem claramente isso, que os exames só devem ser aplicados numa fase mais avançada da aprendizagem”, disse o ministro, refutando a crítica de que a sua decisão foi tomada sem se basear em estudos.

Sobre o momento em que as alterações ao modelo de avaliação são introduzidos – no início do 2º período e quase a meio do ano letivo –, Tiago Brandão Rodrigues explicou que “é urgente restituir à escola a sua função principal, que é a de ensinar e criar soluções para que se possa aprender melhor”. Ora, “a escola estava-se a moldar ao processo dos exames, ao treinar para os testes, o que resulta num empobrecimento” da aprendizagem. Era preciso, acrescentou, “intervir para devolver a normalidade às escolas e dar aos professores uma indicação clara de que podem dedicar-se à atividade principal, que é a da aprendizagem”. “Não há aqui nenhum ímpeto reformista, mas vontade de corrigir com urgência os erros” – algo que “já estava previsto no programa do Governo”.

“Ninguém tem de se preparar ou treinar para as provas de aferição” (agora previstas para os 2º, 5º e 8º anos), disse ainda, quando questionado sobre a turbulência que as mudanças podem causar nesta altura do ano letivo.

Quanto aos exames do 9º ano, Tiago Brandão Rodrigues disse que mantêm-se, para já, escusando-se a garantir que não haverá mudanças nesta matéria até ao final dos quatro anos da legislatura. Anunciou, por outro lado, que irá ser constituída uma “comissão de acompanhamento com estudiosos da área da educação” para todo este processo.