Morreu voluntário do ensaio que estava em morte cerebral

Há outras cinco pessoas ainda internadas em estado grave no hospital de Rennes, em França.

O homem que estava em morte cerebral na sequência de um ensaio clínico da farmacêutica BIAL em França morreu ontem ao meio-dia. A informação foi já confirmada pelo hospital de Rennes. Além deste voluntário, existem outros cinco que continuam internados em estado grave. Os médicos acreditam que quatro destes pacientes tenham sofrido lesões neurológicas graves, mas consideram que o estado clínico de todos é estável.

Os seis voluntários – internados no início da semana passada – participaram num ensaio do laboratório português que aconteceu na Biotral, em Rennes, França. A experiência envolveu perto de 200 pessoas, mas apenas 90 tomaram o medicamento (às restantes foi administrado um placebo). Os que tiveram de ser internados foram os que tomaram o medicamento em doses mais fortes.

Nos últimos dias, a BIAL reagiu em comunicado, assegurando que foram sempre seguidas “as melhores práticas médicas internacionais”.

O que disse a Bial A farmacêutica nacional explica ainda que no âmbito do “desenvolvimento desta nova molécula, na área da dor (inibidor da enzima FAAH)”, tinham já sido realizados “testes e ensaios pré-clínicos, nomeadamente na área da toxicologia”. Diz também que só depois desses testes é que se iniciaram os ensaios clínicos com pessoas.

“Este ensaio foi aprovado pelas autoridades regulamentares francesas, bem como pela Comissão de Ética Francesa”, referiu a farmacêutica.

Ontem, o presidente da BIAL, António Portela, disse estar a trabalhar “incansavelmente para perceber as causas do trágico acidente”. Em declarações à Lusa, expressou ainda “em nome pessoa e da BIAL profundas condolências e sentimentos para com a família do voluntário que faleceu”.

O que disse o governo francês No final da última semana, a ministra francesa da Saúde confirmou a existência de problemas no ensaio clínico da BIAL, afirmando que se tratava de uma situação única na história do país.

“Não conheço qualquer situação comparável a esta”, disse Marisol Touraine durante a conferência de imprensa que deu no Hospital Pontchaillou, em Rennes.