Vistos gold. Chineses querem processo em mandarim

Notificação dos arguidos demorou dois meses porque chineses quiseram acusação em mandarim.

Os arguidos de nacionalidade chinesa do caso que ficou conhecido como Vistos Gold vão pedir a abertura de instrução. A notícia foi avançada ontem pelo “CM” e dava conta de que o atraso na notificação formal de todos os arguidos da Operação Labirinto ficou a dever-se à exigência dos cidadãos chineses de receber a acusação em mandarim, um direito que têm.

O despacho de acusação deste caso foi proferido em novembro. No centro deste caso está o ex-presidente do Instituto dos Registos e Notariado, António Figueiredo, e o antigo ministro da Administração Interna, Miguel Macedo. Entre os acusados estão ainda Maria Antónia Anes, antiga secretária-geral do Ministério da Justiça, Manuel Palos, ex-diretor-geral do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, e o empresário chinês Zhu Xiaodong.

O caso Os vários arguidos foram acusados pelos crimes de corrupção ativa e passiva, recebimento indevido de vantagem, prevaricação, peculato de uso, abuso de poder e tráfico de influência. Os atos estão relacionados com a atribuição de autorizações de residência para a atividade de investimento conhecidas por vistos gold.

A demissão de um ministro No final de 2014, Macedo demitiu-se por considerar que tinha ficado com “autoridade política diminuída” depois de algumas notícias que o ligavam a esta teia.

Na acusação, de novembro de 2015, o MP é claro: há suspeitas de que Macedo terá beneficiado um amigo no concurso público para manutenção dos Kamov e dado ordens ao diretor do SEF para colocar um oficial de ligação na China – o que favoreceu negócios de outras duas pessoas de quem era próximo. Terá ainda intervindo junto do então secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, para que este recebesse Lalanda e Castro, representante da Octapharma e também arguido na Operação Marquês.