Sociedade

Morreu António Almeida Santos

António Almeida Santos, presidente honorário do PS, morreu na noite de ontem, segunda-feira. A notícia da morte foi dada por Carlos César, atual presidente do partido e líder parlamentar, quando passavam poucos minutos da meia-noite.

Almeida Santos tinha 89 anos – faria 90 no próximo dia 15 de fevereiro. Ainda no domingo participou numa ação de campanha de Maria de Belém, de quem era apoiante, tendo mesmo discursado. O histórico socialista sentiu-se mal após o jantar, na sua casa, em Oeiras. Nos últimos anos, tinha sido submetido a duas cirurgias cardiovasculares. 

Nascido em Cabeça (Seia), Almeida Santos passou a infância em Vide, terra natural do pai. Cursou Direito em Coimbra, onde se apaixonou pelo fado, de que se tornou intérprete, tendo mesmo gravado um disco.

A paixão pelo fado levou-o a descobrir outra paixão, África: foi com o Orfeão Académico de Coimbra que se deslocou a São Tomé, Angola e Moçambique, em 1948. Licenciou-se em 1950 e acabou por fixar-se como advogado em Lourenço Marques (atual Maputo, capital moçambicana), sendo o Direito Civil a sua área de eleição.

Em Lourenço Marques, defendeu presos políticos, foi candidato pela Oposição Democrática às eleições para a Assembleia Nacional e representante da candidatura de Humberto Delgado na campanha das presidenciais de 1958.

Após o 25 de Abril de 1974, Almeida Santos regressou a Portugal, a convite de António de Spínola, Presidente da República. Foi então várias vezes ministro nos Governos Provisórios, nos anos 70: foi Ministro da Coordenação Interterritorial (I, II, III e IV Governos Provisórios) e  ministro da Comunicação Social (VI Governo Provisório). No I Governo Constitucional (1976), foi ministro da Justiça, tendo sido sob a sua tutela, por exemplo, que foram alteradas diversas leis da Família e criada a Lei do Divórcio. Promoveu ainda a criação da magistratura do Ministério Público, autónoma da dos juízes. Foi nesta altura que aderiu ao PS e emergiu como um dos seus dirigentes de referência.

Em 1979, foi ministro adjunto do Governo PS-CDS, liderado por Mário Soares. Com este foi ainda ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares no Governo PS-PSD, de1983 a 1985, tornando-se uma das figuras para sempre associadas ao Bloco Central.

Da derrota em 1985
ao regresso como presidente da AR

Em 1985, quando Mário Soares saiu da liderança para se candidatar à Presidência da República, coube a Almeida Santos a difícil tarefa de liderar as listas do PS às eleições legislativas. O partido teve a mais pesada derrota de sempre (obteve 20% dos votos) contra dois recém-chegados à política nacional: Cavaco Silva (líder do PSD, que teve 29%) e o PRD (o partido lançado pelo Presidente Ramalho Eanes, que chegou a 18%).

Almeida Santos manteve sempre a sua carreira na advocacia e foi eleito presidente do PS em 1992 (só seria substituído em 2011, mas ficou como presidente honorário).

Com António Guterres na liderança do PS, Almeida Santos voltou à política ativa: foi eleito presidente da Assembleia da República em 1995, cargo que desempenhou até 2002.

Escritor, foi autor de diversos livros, entre ensaios jurídicos e obras de História e Política, tendo publicado em 2006 a sua autobiografia (Quase memórias). Era ainda uma das figuras proeminentes da maçonaria, pertencendo ao Grande Oriente Lusitano (GOL).

Morreu António Almeida Santos

O político português tinha 89 anos.

 

Em pouco tempo morreram dois amigos -Pedro Coelho e António Almeida Santos. Ao Pedro devo uma amizade fraternal e uma...

Posted by Carlos César on Monday, 18 January 2016

 

Em actualização

 

Os comentários estão desactivados.