Surpreende-me a má Banca espanhola acabar com a boa Banca portuguesa.

Vivi cerca de 14 anos em Madrid, entre Janeiro de 1989 e Setembro de 2002, e lembro-me que nunca me consegui fazer cliente duradouro de um Banco espanhol. Estava mal habituado ao excelente serviço do meu Banco português de então, o BCP que fora lançado por Jardim Gonçalves e o tinha ainda como presidente, e…

Acabei, coisa impensável mas que me pareceu a melhor, cliente do então Caixa Geral de Depósitos, que se instalara em força em Espanha, e melhorara consideravelmente o serviço na presidência de Rui Vilar (aliás, todos os Bancos portugueses, para contornarem a esteira do novo BCPO, tiveram de arranjar um serviço relativamente bom).

Agora, ao ler o Expresso desta semana, vejo que a Banca espanhola domina mais ou menos todos os Bancos portugueses. E não deveria sequer surpreender-me, embora realmente me surpreenda. É que os Bancos portugueses já não são nada do quetiveram de ser no tempo de Jardim Gonçalves. Nem o BCP.

A ideia é cobrar comissões por tudo e por nada, e não remunerar sequer o dinheiro ali posto pelos depositantes e que os Bancos aproveitam para emprestar e fazer negócio. Enfim, é como quem diz, estimular o velho colchão caseiro, cheio de notas, numa época em que os pagadores (Estado e empresas) preferem fazê-lo através dos Bancos. Portanto, têm de se descobrir maneiras imaginativas de fugir deles. Ou aparcar lá o dinheiro o mínimo de tempo possível, ou tentar que ele não passe sequer por lá. E não querer cartão nenhum (porque até se pede aos clientes que paguem um simples cartão que só serve para levantar dinheiro, evitando que os Bancos tenham mais empregados). Parece que a imoralidade dos Bancos está a ultrapassar todas as marcas – ainda por cima com garantias que mais ninguém tem de poderem defraudar à vontade a freguesia e o mundo não financeiro. E parece ninguém ter aprendido nada com as crises provocadas pela ganância de certos financeiros. Infelizmente, a chamada esquerda democrática (em Portugal, o PS), vive de tal maneira deslumbrada com o dinheiro dos Bancos, que está tão indisposta para mudar esta situação como a Direita de agora (que a antiga parecia mais escorreita).