Saúde. Novo portal dá tempo de espera nas urgências dos hospitais

Nasceu o novo portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS). A partir de ontem, qualquer utente pode conhecer, antes de sair de casa, o tempo de espera nas urgências de todos os hospitais públicos. O novo portal foi apresentado ontem pelo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, e está…

A mais recente ferramenta do Serviço Nacional de Saúde surgiu no seguimento de um despacho, apresentado em meados do mês de janeiro, que obriga a que se tornem públicos os tempos de espera em todos os serviços de urgência do país.

Assim, é dada ao utente a possibilidade de escolher qual o hospital a que se deve deslocar para ser atendido com a maior brevidade possível.

Também os médicos de família poderão perceber para que hospital devem encaminhar os doentes, quer se trate de uma consulta de urgência, quer seja para uma consulta de especialidade.

Ressalve-se que os hospitais que não tenham disponibilizado, até ao dia de hoje, os tempos de espera nas urgências o devem fazer até 1 de março, data-limite fixada pela lei. Ao todo, estão abrangidas pela medida mais de 60 instituições.

Na apresentação do novo portal, o ministro da Saúde confirmou a intenção de pôr médicos reformados a trabalhar no SNS.

Simulador da Deco

Mais de metade das 350 pessoas que recorreram ao simulador online da associação DECO esperaram demais para serem atendidas nas urgências hospitalares.

Das situações analisadas nesta ferramenta online, em 66% dos casos, os utentes dirigiram–se à urgência por considerarem a sua situação grave, mais de 8% porque foram reencaminhados pela linha Saúde 24, quase 7% foram ao hospital por não conseguirem consulta com o médico de família e os restantes por não conseguirem consulta no centro de saúde ou porque este se encontrava fechado.

A pulseira verde foi a atribuída em 24% das situações simuladas na ferramenta da DECO, a pulseira amarela a 46%, enquanto quase 15% receberam pulseira laranja ou vermelha. As outras situações corresponderam a pulseira azul ou a desconhecimento dos utentes da cor atribuída na triagem.

Maioria com mais espera

Em 56% dos casos (185), a espera foi superior ao recomendado pela triagem de Manchester, com o maior tempo de espera registado a ser de 740 minutos (12 horas). Contudo, a média de espera foi de 150 minutos.

Nas situações em que o tempo de espera foi ultrapassado, a maioria dos utentes encontrava-se com pulseira amarela (48%) ou com pulseira verde (25%).

Dados anónimos

Os dados inseridos neste simulador da DECO são anónimos e enviados às autoridades quando se detetam casos fora do normal, numa forma de tentar pressionar as autoridades a melhorarem o serviço.

Baseada em critérios acordados a nível internacional, a triagem de Manchester permite avaliar o risco clínico do utente e atribuir um grau de prioridade, através da cor de uma pulseira, que pode ir do vermelho (situações de emergência, cujo atendimento tem de ser imediato) ao azul (identifica as situações não urgentes, cuja espera se admite até quatro horas).

Nos casos de pulseira amarela, o primeiro atendimento não deve demorar mais de 60 minutos, e no caso da pulseira verde, a recomendação é que não vá além de 120 minutos (duas horas).