O Carnaval português é ao frio

Ontem, Dia de Cinzas, foi um momento meu, como católico, de me lembrar que ao pó voltaremos, em vez de me irritar com os carnavais que vão por aí. Não quer isto dizer que esteja contra a tolerância de ponto, uma saudável tradição nossa, que penso ser de manter, e não afetar em nada a…

Tenho outra coisa em mente. Pessoalmente, não me divirto muito com o Carnaval e as suas festas, e fico até perplexo quando vejo gente embevecida com isso, e com os mascarares (embora me pareça higiénico ser das raras ocasiões em que se pode brincar com os travestis sem parecer politicamente incorreto). Mas ontem li o Ferreira Fernandes mais uma vez ter razão (porque tem razão em muitas outras coisas que leio com prazer mas não vêm ao que aqui me traz), neste caso no despropositado que parece o Carnaval português, tendo lugar no rigoroso Inverno europeu, querer armar-se em despido e veraneante como o do Rio de Janeiro. E depois é ver desmarcar todos os anos desfiles e corsos, por causa do tempo invernal, como se fosse uma contrariedade inesperada – por muito repetida todos os anos.

O Carnaval nasceu na Europa, e muito mais agasalhado. Imaginem o Carnaval de Veneza em biquíni. Ou o de Munique (como frisa FF).

Porque é que os carnavalescos portugueses, se acham assim tão divertido o Carnaval, não esquecem de vez o despido do Rio (que o clima de lá abriga), e retomam as boas e invernentas tradições europeias, bem abafadinhas de roupas?