Caxias. Família reforça que mulher pediu ajuda às autoridades

Irmão de Sónia Lima diz que tudo podia ter sido evitado. Juiz decretou a prisão preventiva da mulher.

A cada hora que passa, é mais difícil encontrar a criança desaparecida nas águas do Tejo, na zona de Caxias. E o corpo pode mesmo nunca vir a ser encontrado, repetindo-se o cenário de desaparecimento de uma criança. As buscas foram suspensas ontem ao final da tarde e hoje estão a decorrer desde as 7h30.

Após o interrogatório a Sónia Lima, a mãe das meninas, poderão ser reveladas mais informações, nomeadamente o que aconteceu de facto na noite de segunda-feira. A mulher ficou em prisão preventiva depois de ter sido ouvida ontem por um juiz de instrução no Tribunal de Cascais.

Se se tratou de uma queda, se lançou as crianças à água e se as crianças estavam vivas, tudo é, neste momento, motivo de especulação. E se não há testemunhas oculares do momento em que as crianças chegaram à água, nada garante que a criança de quatro anos possa estar neste local. Recorde-se que a irmã de 19 meses foi encontrada pouco depois do alerta na zona da rebentação. Segundo as declarações das autoridades sobre o estado meteorológico desta noite, “o rio estava muito calmo e não havia vento”.

“Ela pediu ajuda” Em declarações à SIC, o irmão de Sónia Lima revelou várias situações dramáticas vividas pelas crianças, nomeadamente abusos sexuais. O homem, que não quis ser identificado, contou que a irmã era vítima de violência doméstica e que o casal se separou após Sónia ter descoberto os indícios dos abusos, pedindo ajuda a diversas entidades.

Apesar de sentir que a tragédia podia ter sido evitada caso alguém tivesse “dado a mão” à irmã quando ela pediu ajuda, a APAV, uma das instituições contactadas, garantiu ao i que a mulher tinha sido acompanhada quer através de sessões telefónicas, quer presencialmente. “Cessou o apoio por vontade própria”, diz Daniel Cotrim, um dos responsáveis da instituição.

Abusos sexuais A Polícia Judiciária divulga diariamente as detenções que ocorrem no seguimento das investigações. Ontem, além deste caso (alegadamente provocado, entre outros motivos, pelos abusos sexuais cometidos às crianças), foi efetuada outra detenção de um “violador de criança”. Anteontem, foi detido outro “suspeito do crime de abuso sexual de crianças”. No dia 12, idem. 

A lista podia continuar: o número de crimes de abuso sexual de crianças continua a crescer. Em 2005, a PJ iniciou 909 inquéritos a este crime. Os números de 2014 atingiram o número mais alto dos últimos dez anos: 1335. Os números foram adiantados o ano passado pelo diretor nacional adjunto da Polícia Judiciária, Pedro do Carmo.