“O que aprendi com o suicídio do meu pai”

A blogger do Huffington Post Becky Olson partilhou um texto neste site norte-americano onde explica o que aprendeu com o suicídio do seu pai, há quatro anos.

 “Dou por mim a refletir sobre as lições que aprendi nos últimos anos. Penso que é seguro dizer que, quer tenham passado 10 dias ou 10 anos, os efeitos de viver o suicídio de alguém que amamos vão continuar a evoluir e a ter impacto naqueles que ficaram”, escreve Olson.

A autora afirma que estas são apenas algumas das lições apreendidas até agora, mas afirma que muitas mais virão:

– Acabamos por voltar a sorrir… E a rir: “Isto era algo que me aprecia impossível (…) Depois de  alguns meses, dei por mim a sorrir e a rir outra vez. Pode ser cedo para acreditar no que estou a escrever, mas vai acabar por acontecer”;

– Deixa de ser o nosso primeiro pensamento: “Lembro-me de acordar com o despertador e pensar que estava a viver um pesadelo. À noite, só desejava não sonhar com o assunto. Continuo a pensar no que aconteceu quase todos os dias, mas não é a única coisa que ocupa a minha mente”;

– Voltamos a ter motivação: “Deixei de fazer exercício físico, de passar tempo com os meus amigos e de fazer as minhas atividades preferidas (…) Apesar de continuar a arranjar desculpas para não fazer exercício, consegui dar cabo do mantra que tinha incutido: “Não posso fazer isto porque o meu pai morreu””;

– A dor não passa: “Aprendi a diminuir as minhas expectativas no que diz respeito à recuperação. Lembro-me de querer uma resposta mágica que me dissesse quando é que iria ultrapassar a morte do meu pai. Infelizmente, não existe. Mas agora sei que não devo esperar que a dor desapareça”;

– Existe o ‘antes’ e o ‘depois’ do suicídio: “Existia a vida do ‘antes’, a vida que vivemos agora é a que devemos considerar normal. O ‘depois’ ou o ‘novo-normal’ não tem de ser necessariamente mau”;

– Nunca se chega a uma conclusão: “Ainda hoje não sei o que levou o meu pai a suicidar-se, porque escolheu aquele sítio ou determinado método. Nunca terei essas respostas e por muito que me custe saber isso, tenho de aceitar que fazer parte dessa coisa horrorosa chamada suicídio”;

– Mais ninguém entende (a não ser quem passou pelo mesmo): “Amigos e familiares que me queriam dar apoio durante os primeiros tempos já nem se lembram do que eu continuo a passar. Fico chocada com alguns comentários sobre o suicídio ou a doença mental, mas tento lembrar-me que, infelizmente, não fazem ideia do que significa passar por uma coisa destas”;

– Temos de ter cuidado: “Tenho muita noção daquilo que sinto e, se tiver de ser, não hesito em pedir ajuda”.