Messi bateu Cech pela primeira vez

Foi tudo dito, repetido até à exaustão. A lição estava estudada, mas não foi possível. O Barcelona venceu mesmo, como esperado. E o Arsenal perdeu, como expectável. O triunfo por 0-2 em Londres deixa a eliminatória à espera de um milagre para os ingleses e de um passeio para os espanhóis.

A esperança, a única, do Arsenal residia no muro checo que tem na baliza. Petr Cech, campeão europeu em 2012 pelo Chelsea, com quem ganhou ainda quatro ligas e quatro Taças de Inglaterra, nunca tinha sofrido um golo de Messi nos seis duelos que disputaram. Só que desta vez Cech está no Arsenal, uma das vítimas preferidas do argentino e do Barcelona (em nove confrontos só perdeu um jogo e nunca saiu eliminado).

O muro ruiu mesmo. Foi num contra-ataque mortífero do MSN – essa sigla Messi, Suárez e Neymar (com 93 golos marcados esta época), que cheira a terror – que começou a desmoronar-se. Messi marcou dois. Aí (aos 71 minutos) e depois num penálti (aos 82). Soma 82 golos na Champions.

Thierry Henry, apesar de traumatizado, é um bom professor. Figura maior do Arsenal durante oito anos (1999-2007), foi ali que deu e recebeu os maiores prémios da carreira. Se foi com ele que a equipa ganhou os únicos títulos na era de 20 anos de Arsène Wenger, foi com o francês também que perdeu o mais doloroso de todos – a final da Liga dos Campeões. Foi contra o Barcelona e esse 1-2 nunca mais saiu da cabeça de Henry.

Por isso, ele tinha dado a receita para parar este Barça, que ontem passeou por Londres. É que Henry, apesar do trauma, foi para o Barcelona, passou lá três anos, e conheceu por dentro o inimigo. E a receita qual é? “Têm de aceitar que terão apenas 30% de posse de bola, jogar no contra-ataque, ter um homem sempre com Messi, jogar fechado e esperar estar num dia feliz”, escreveu na sua coluna do The Sun.

Wenger leu-a e levou-a à letra. Só que, pronto, é o Barcelona. E nada feito. Foram mesmo 70% de posse para o Barça (6 remates contra um do Arsenal). Abracadabra e sai magia, a energia flui. Estas palavras não são nem de Henry nem de Wenger, mas de Luis Enrique, quando lhe perguntaram o que dizia ao trio atacante mais mortífero da atualidade do futebol. “Não sei… sempre trabalhei com bons avançados e agora no Barcelona tenho os melhores do mundo”. “Têm liberdade”. Foi isso que tiveram ontem.

Suárez falhou duas ocasiões claras, e o Arsenal esteve lá quase, por Chamberlain e até Giroud. Mas foi só isso. O resto é com eles. “Eles” são Messi-Neymar-Suárez. Porquê com eles? “Eles sabem que têm também uma obrigação porque dependemos deles”. Parece fácil. E foi.