Os Óscares chegam serôdios

Eu sei que é considerada a cerimónia do mundo com mais glamour, e que a passadeira encarnada suscita os olhares mais curiosos das grandes transmissões televisivas internacionais. E que estamos todos mortinhos por saber quais os prémios confirmados. E que nos esforçamos por aviar os filmes consagrados, para saber do que se trata.

Mas não há dúvida de que os Óscares chegam já um nadinha serôdios, a reboque de outros prémios dados também em fevereiro, mas antes, como os britânicos Bafta ou os dos correspondentes em Hollywood (por isso considerados da crítica, em lugar de uma decisão dos pares, como os Óscares), os Globos de Ouro. Já está tudo muito falado, bastante decidido, e depois é só arrancar uma pequenina surpresa, e deixar-se ir no reboque (um reboque que permite até a críticos portugueses e de outros países longínquos fazerem previsões bastante acertadas). Até eu estar aqui hoje as falar deles, quando todo o mundo já só pensa nos resultados da Super 3-ª Feira americana, e os portugueses de direita esforçam-se por não reparar nos elogios da Moody’s ao OE2016 (na minha opinião, os de esquerda é que deviam ficar maçados…), parece serôdio.

Bem sei que este ano as surpresas ainda foram relativamente grandes. Primeira, o apresentador negro Chris Rock (comediante, ator, escritor, produtor, realizador, documentarista e polémico), veio arrasar o pretendido boicote da raça negra aos Prémios da Academia Americana do Cinema, por se sentir ausente. Parte desta raça muito ativa, que arrastou multidões de brancos admiradores do politicamente correto, parecia pretender uma ‘discriminação positiva’. Eu sempre fui contra todas as discriminações, positivas e negativas, embora compreenda alguma da argumentação dos que querem discriminações positivas, e as veem como única forma de alguns grupos sociais minoritários atingirem a igualdade. Respeito essas posições, mas não concordo com elas, e considero-as uma injustiça contra os que sofrem a discriminação e a desigualdade, sem culpa formada.

A outra surpresa de este ano foram os 6 Óscares para o Mad Max, filme que nem tenciono ver. De resto, cumpriram-se as grandes previsões, com os galardões ao Renascido, ao Caso Spotlight, a Alejandro González Iñarruti (2º ano consecutivo, depois da estátua do ano passado, com Birdman), a Leonardo diCaprio, Brian Larson e Ennio Morricone.

Só tive pena de Carol (que mereceria mais reconhecimento) e rejubilei com o mau resultado de Star Wars (essa infantilidade cinematográfica tão de moda nas imprensas).

A primeira entrega dos Óscares parece ter sido em 1929, e terá influenciado outros exemplos como os Grammies , os Emmies e os Globos de Ouro. E desde esse anolongínquo cá temos anualmente uma noite assim, especialmente difícil nos fusos horários europeus – que não foram feitos para isto. Mas é a grande festa do Teatro Dolby, Los Angeles, transmitida para todo o mundo, com passadeira encarnada, e imensa gente conhecida (atores e atrizes, realizadores, apresentadores e muitos mais). A primeira cerimónia televisionada teve lugar em 1953 somente nos EUA e no Canadá. Em 1966, foi a primeira exibição a cores. Desde 1969, a cerimónia é transmitida internacionalmente. Estima-se que mais de um bilhão de pessoas assistem aos Óscares ao vivo ou gravadas.

Recordemos agora os maiores vencedores. Até 2013,  4 filmes receberam 10 ou mais prémios. Apenas 3 deles venceram as cinco principais categorias (Filme, Ator, Atriz, Direção e Roteiro): It Happened One Night (1935), One Flew Over the Cuckoo's Nest (1976) e The Silence of the Lambs (1992). Outros grandes vencedores: Titanic (1997), 11 óscares, Ben-Hur (1959), outros 11, The Lord of the Rings: The Return of the King (2003), mais 11, West Side Story (1961), 10. Agora pessoas: Walt Disney, Alfred Newman, Edith Head, Alan Menken, Fred Quimby, Gary Rydstrom, Rick Baker, Billy Wilder, Dennis Muren, Francis Ford Coppola, John Williams, John Barry, Lyle R. Wheeler, Johnny Green, Katharine Hepburn, Daniel Day-Lewis, Ingrid Bergman, Meryl Streep e Jack Nicholson.