Rita Loureiro: “Sou muito diplomática na minha rebeldia”

Encontrámo-nos com Rita Loureiro já de passaporte carimbado e pronta para partir. Terminadas as gravações da novela “Poderosas”, da SIC, onde deu vida a Olga, e que conciliou com duas peças de teatro, a atriz de 46 anos sentiu que era tempo de se sentir “irresponsável”. Por isso partiu, para uma estadia de quase um…

Ao preparar esta entrevista apercebi-me que não existe quase nenhuma informação sobre a Rita, apesar de trabalhar como atriz há quase 20 anos. É uma opção sua ou não costuma ser solicitada para dar entrevistas?

É uma mistura das duas coisas. Durante muito tempo fiz teatro e o teatro não é notícia neste país. Geralmente procura-se mais quem faz filmes, séries ou novelas. Mas eu também sempre salvaguardei a minha vida privada. Gosto muito de falar sobre o meu trabalho, mas sobre mim não me interessa falar. Acho sempre que sou uma pessoa banal.

Mas quando começou a fazer mais televisão inevitavelmente passou a ter mais abordagens, não só ao nível da comunicação social, mas também do público. Como lida com isso?

Claro, quando passei a entrar diariamente na casa das pessoas passei a ser muitas vezes abordada na rua. Mas aí há um fenómeno engraçado: a maior parte das pessoas fala-me das personagens, em discurso direto. “Então, a sua filha anda a precisar de uns tabefes, anda a portar-se mal!”. Até conseguir sintonizar que não é, de facto, de mim que estão a falar, mas de uma personagem demoro sempre uns segundos. Mas depois embarco naquela conversa ficcional.

Isso é o seu refúgio, achar que continua a ser ficção?

As personagens servem-me de veículo, mas claro que as pessoas depois acabam por dizer que gostam muito da novela, do meu trabalho, e por vezes resvala para um lado mais pessoal. Ainda assim, as pessoas cá são super pacíficas. Não é preciso andar de chapéu e óculos escuros, escondida.

Como é que alguém que fez, durante anos, teatro, e passou a fazer regularmente televisão, lida com essa mudança?

Tem um lado bom. Sobretudo porque não me tem retirado a possibilidade de fazer teatro. Em 2015 fiz duas peças: um Ibsen no São Luiz e a reposição de um espetáculo com texto do Ernest Hemingway, o “Kilimanjaro”, com encenação do Rodrigo Francisco. Vou sempre procurando o teatro e o teatro vai-me procurando. Para mim, o teatro é uma espécie de reciclagem do meu trabalho de atriz que é fundamental ir fazendo. Temos outro tempo, outra capacidade de maturação das coisas.

É uma espécie de porto seguro?

Não é assim tão porto seguro, porque o teatro é uma coisa orgânica, é tudo ao vivo. Mas isso é que é fascinante. Há o confronto do nosso trabalho com aquelas pessoas, que não podem mudar de canal. E nós também não podemos fugir delas. Se houver uma falha temos de reagir. Na altura.

Aprendeu a gostar de televisão?

Percebi que a televisão é interessante e, sobretudo, útil para o trabalho de um ator. A televisão, de facto, obriga a uma rapidez de resposta e a uma ginástica que é altamente útil para um ator. Não há tempo, mas ainda assim temos de fazer bem e com verdade. É preciso estar lá, de facto. Aprendi a gostar disso e a conseguir lidar com isso.

Mas não sentiu um amor imediato pela televisão?

São linguagens completamente diferentes… E confesso que sou uma grande amante de teatro, seja vivido ou visto. São linguagens diferentes. Houve uma altura em que havia uma diferenciação entre os atores de teatro e os de televisão, hoje em dia isso está completamente diluído, já não faz sentido.

Já não se sente a carga preconceituosa em torno dessas distinções?

Antes era a história do “agora vendeste-te, queres é ser popular”. Mas isso já não se sente e, cada vez mais, há gente que nunca fez televisão e que se interessa por fazer televisão e inclusive perceberam que fazer televisão também é um desafio, não é uma coisa de 2ª ou 3ª categoria. É difícil fazer televisão, sobretudo bem feita. Além de que há diferenças consideráveis nos cachets…

Esses mesmo que antes encabeçavam o coro do preconceito perceberam que a própria televisão pode servir o teatro?

Claro. Há muita gente que agora vem ao teatro para ir ver a não sei quantas ou o não sei quantos que está na novela. Isso puxa público. E é bom. Por vezes as pessoas dizem coisas do género “vamos ver a Alexandra Lencastre”, “vamos ver o Diogo Infante” ou “vamos ver a Rita Loureiro” e nem sabem que peça vão ver.

Acabou de chegar de Moçambique, onde esteve 25 dias. Essa reciclagem que as viagens permitem é algo que procura regularmente?

Infelizmente não, sobretudo viagens tão grandes como esta, porque tenho uma filha de dez anos, a Francisca. Daqui para a frente já me poderá acompanhar neste género de viagens, mas com ela costumo é fazer viagens dentro da Europa. Já fomos a Madrid, Paris, Londres… Uma viagem como esta não tinha feito desde que fui mãe. Foi um mimo que dei a mim mesma, apesar de ter uma tolerância máxima de dez dias sem Francisca. Tenho dores no corpo com as saudades.

Porque decidiu fazer agora esta viagem, sobretudo sabendo que lhe custa assim tanto?

Escolhi Moçambique porque nunca lá tinha ido e tinha muita curiosidade. E tenho um irmão a viver há quatro anos em Maputo. Foi uma experiência fortíssima! Regresso com vontade de voltar! Tudo é intenso, os cheiros, as cores, os contrastes sociais! E o povo moçambicano tem uma doçura que não se encontra facilmente em África. Estava a precisar de renovar paisagens mentais, de sentir novas energias, de cortar com algumas amarras da minha vida aqui e sentir-me numa espécie de aventura. Esta viagem teve um lado de observadora, mas também um lado terapêutico, de me sentir irresponsável por estar 25 dias sem a minha filha.

Antes de ir fez a novela “Poderosas”, na SIC. Agora que regressou, o que tem à sua espera?

Duas peças: um [William] Shakespeare e um [Georges] Feydeau. E uma vontade muito grande de voltar a encenar, que é algo que já fiz, e que gosto muito de fazer. Por isso levei uns livros na bagagem para trabalhar lá.

O que é que ator ganha quando começa a encenar que não ganha no dia-a-dia do ser ator?

Há uma distanciação que acho que um ator deve ter sobre si próprio, até mesmo quando está a atuar – e isto pode parecer paradoxal -, que se aprofunda quando se encena. Há uma visão do todo quando se encena. E isso é importante para um ator. Acho que é sempre muito mais interessante para um ator estar em cena, não só ligado energeticamente aquilo que se passa com a contracena, mas ligado energética e intelectualmente com o todo.

A experiência de encenar ajuda o ator a contrariar o seu egocentrismo?

Exato. É muito importante que o ator se veja como parte do todo. Já fiz encenação e assistência de encenação, e às vezes assisto a coisas que penso: “que horror, será que também faço isto quando estou no papel de ator? Também faço estas fitas?” Mas é natural, é um espaço de uma enorme exposição de fragilidades e inseguranças.

E, por outro lado, um ator que encena tem também uma abordagem diferente à encenação?

Acho que os melhores encenadores são aqueles que também são atores, que sabem o que é estar dos dois lados. Sem dúvida. Percebem melhor o desequilíbrio dos atores.

Esse desequilíbrio é uma característica comum a quase todos os atores?

Sim. Vem gente connosco para casa, fantasmas, lastros. Estamos constantemente a abrir a Caixa de Pandora. Mas é isso que nos fascina.

Foi esse limbo que a fascinou no ser atriz?

Acho que quando comecei nem tinha a consciência absoluta disso. Houve um impulso, um apelo enorme. Mas hoje em dia, de facto, a coisa que mais gozo me dá é viver outras histórias, outras cabeças, outras emoções.

Isso é pela vontade de não viver a sua ou pela vontade de viver muitas?

Quando falo com algumas pessoas que me contam histórias de infância ou de adolescência, eu não tenho grande memória desses tempos. E por graça digo que é porque já preenchi tanto o meu disco rígido de memória com outras histórias que a minha ficou metida no fundo do baú. Há uma certa confusão entre coisas que são minhas e coisas de personagens. Ainda estou para descobrir porque isto acontece, se será por estas camadas que foram amarfalhando e empurrando as minhas para o fundo ou se é uma incapacidade minha de lá ir.

Ainda assim, vamos tentar: nasceu em Lisboa, mas ainda bebé foi para África?

Sim, com seis meses, fui para Angola, porque o meu pai estava lá, na guerra. Não tenho memórias conscientes disso. Estive lá até aos dois anos e desde então vivi sempre em Lisboa.

Não era assim tão usual que as famílias fossem ter com os homens que estavam na guerra.

Sou a segunda filha e a minha mãe esteve cá enquanto era só um filho. Depois fomos para lá pelas saudades e porque havia uma base que oferecia condições.

O seu pai falava de África?

Nunca gostou de falar sobre a guerra. Contava-me mais relatos da selva, coisas sobre animais. Lembro-me de contar que uma vez estava a dormir, encostado a uma árvore, cansadíssimo, e acordou com uma jibóia enrolada nas pernas. Ele não gostava nada de abordar o assunto guerra.

O que faziam os seus pais?

O meu pai foi militar de carreira, agora reformado. A minha mãe é mãe.

O que significou ser filha de um militar de carreira?

Imensas regras. Mas o meu pai era um militar especial. Conseguia ser um tipo humano. E teve dois filhos, eu e o meu irmão João, que o afrontávamos um bocadinho. Eramos um bocadinho rebeldes.

Foi sempre rebelde, mesmo na infância?

Acho que não. A minha mãe conta-me que podia deixar-me, ainda bebé, em cima de uma mesa ou de uma cama, que eu gatinhava até à borda, olhava lá para baixo, e sentava-me. Nunca caía. Aí já haveria uma certa noção, intuitiva, de limites. Sou um bocadinho rebelde, mas sou muito diplomática na minha rebeldia. Não sou uma rebelde alheada do respeito que deve haver pelos outros.

Isso ainda hoje é assim?

Sim. Gosto muito de respeitar o espaço dos outros para que respeitem o meu. E acho que se pode ser um bocadinho rebelde e ir-se contra certas ideias convencionais, sem ter que se agredir absolutamente o outro. Há formas de contestar com alguma elegância e alguma classe. Se calhar até é por isto que sou atriz e que gosto de fazer alguns dos textos que faço. Acho que a arte é uma forma interessante de ser rebelde.

A forma como a arte é entendida em Portugal é um convite à rebeldia? Com espaço para a diplomacia?

Infelizmente, neste país, só com grande inteligência e rebeldia diplomática é que se consegue chegar a algum lado. Podemos ir para a rua, partir montras, contestar aos milhares, que os governantes não ligam nenhuma. Isso é chocante. Temos uma herança de rendição muito grande. Somos o tal país de brandos costumes e isso lixou-nos. Mesmo intelectualmente ainda vivemos sob o jugo de uma ditadura. Há muita gente que ainda acha que não é suficientemente inteligente para ir ver certo tipo de coisas. O “ah isso não é para mim!”. Como é que não é? A arte é para qualquer pessoa. Temos de sensibilizar as pessoas, desde crianças, para a arte. Não há cidadãos de primeira e cidadãos de segunda.

Durante muitos anos esteve ligada à Cornucópia. Quando se está muito ligada a uma companhia de teatro e se vive essa intensidade, e depois se vê essa mesma companhia viver dificuldades que podem ditar o seu fim, há espaço para a diplomacia?

Não… É uma revolta muito grande. Neste momento essa revolta já nem é vivida da forma mais dolorosa, mas foi, há uns anos, quando houve os primeiros cortes, brutais, de quase 30%, e em que a Cornucópia esteve mesmo quase para fechar as portas. Uma pessoa pergunta-se “como é que é possível?”. Como é possível pessoas que têm um percurso tão fundamental na cultura deste país serem tratadas desta maneira? Mas uma coisa que aprendi com o Luís Miguel [Cintra, ator, encenador e diretor da Cornucópia] – e tive o privilégio de assistir a estreias onde se sabia que estaria o secretário de estado da Cultura ou o ministro -, é que ele aproveitava esses dias para ler um texto que tinha escrito e onde estava lá tudo. Lá está, uma forma diplomática de se ser rebelde. É aproveitar os momentos certos.

Faz falta haver mais união na classe para que exista uma voz mais forte?

Sem dúvida. Há uma desunião imensa que não consigo perceber. Se calhar sou demasiado ingénua. [risos] Mas também acho que se pratica uma política que promove muito isso. Esta coisa dos critérios para a atribuição de subsídios, às vezes penso que há ali rasteiras e armadilhas. Parece que uma companhia para se autovalorizar tem que desvalorizar a companhia do lado. Promove-se a máxima do dividir para reinar.

E continua-se a promover, aqui já não para dentro da classe, mas para o público em geral, que os atores e encenadores são subsidio dependentes?

Não educamos para a arte e portanto achamos que a arte é totalmente descartável. É mais importante um carro topo de gama. Não se promove a arte como sendo algo importante. Porque é que a lei do mecenato nunca vingou em Portugal quando vinga em toda a Europa? Teria de ser o Estado a criar condições para que vingasse. Preenchemos um pedido de subsídio, pedimos 20 mil euros, o Estado dá 5 mil e acha que se faz o mesmo espectáculo. Ou seja, o estado não subsidia de facto, limita-se a dar umas esmolas, mas depois também não promove outras vias. O desinteresse é total.

Com tudo isso em mente compreende a decisão de Luís Miguel Cintra em se afastar?

Ele está muito cansado. Nos últimos oito anos foram-lhe tirando o tapete. É um senhor que lutou a vida toda pela cultura. Sem retorno além de umas homenagenzitas ou uns prémios. É uma pessoa absolutamente fascinante, de uma inteligência e de uma sensibilidade única. É um bicho fascinante. Somos os dois Touro e tivemos sempre uma relação muito estimulante porque a paleta de emoções era muito aberta. E muito intensa.

Tem pena de já não estar ligada à Cornucópia?

Eu estou ligada à Cornucópia. Posso não estar a representar nos palcos da Cornucópia, mas ligada à Cornucópia vou estar sempre.

O que recorda desses anos?

Eu era muito envergonhada! A primeira vez que trabalhei na Cornucópia devia ter uns 21 anitos. Antes disso tinha estado numa peça encenada pelo Filipe La Féria, chamada “Ilha do Oriente”. Foi a minha querida professora Glicínia Quartin que me aconselhou ao Filipe. Essa foi a minha estreia profissional. Depois, o Luís Miguel foi ver um ateliê de finalistas do Conservatório e ligou-me para casa a convidar-me para fazer “A Comédia de Rubena”. Ia cometendo uma gafe enorme porque tinha um amigo que gostava de fingir que era outras pessoas e quando atendi o telefone tive quase para dizer “deixa-te de tretas!”. Mas aquele timbre não tem comparação. Fiquei doida.

Começou logo aí a sua colaboração?

Não foi logo porque eu era muito tímida. Estreei afónica, porque os nervos eram tantos! [risos] Era mesmo muito tímida, quase me escondia. E o Luís Miguel achou que eu não tinha lata para estar ali.

Como voltou a integrar a companhia?

Entretanto andei a fazer teatro noutros locais. E alguma, pouca, televisão, como as “Cinzas” e o “Verão Quente”. Nisto, fui fazer um texto da Gertrude Stein, o “A List”, em inglês, encenado pelo António Pires, porque o Luís Miguel não estava cá, estava a encenar fora do país. Revelei-me imenso nesse espectáculo e acho que as pessoas da Cornucópia disseram ao Luís Miguel que ele tinha de me ver. Foi a partir daqui que integrei a companhia.

Como é que a miúda terrivelmente tímida se apaixona pelo palco?

Acho que a miúda tímida precisava das vidas dos outros. Ainda hoje adoro as minhas personagens. O que me custa é encarar o público depois de despir as personagens. E por isto fui fazer teatro amador em Moscavide. Fui lá parar através de uma professora que foi muito importante para mim, a Cidália de Brito, que dava Educação Visual na Padre António Vieira, mas também dava uns ateliês de Expressão Corporal que eram muito engraçados, porque tinham muitos punks.

Também foi punk?

Punk mesmo, não. Nunca rapei o cabelo, mas cheguei a usar a crista com sabão azul.

Foi difícil convencer os seus pais que queria ser atriz?

Foi. A minha mãe estava convencida que eu ia seguir advocacia. Tinha muito boas notas a Filosofia, Antropologia… Mas um dia, tinha acabado o 12º ano, disse em casa que ia concorrer ao Conservatório.

E no Conservatório, descobriu um mundo novo?

No 1º e 2º ano ainda vivia em casa dos meus pais. Mas entretanto apaixonei-me por uma pessoa 11 anos mais velha e fomos para Xabregas. Dai para Telheiras e depois para o Bairro Alto. Tenho um tio-avô que tem um prédio na Travessa das Mercês, que era mesmo ao pé do Conservatório, e fui viver para o rés-do-chão, porque tinha aulas de manhã e estava a fazer teatro à noite. Havia dias que frequentava o Bairro Alto das 9 da manhã às 4 da manhã. Toda a gente me conhecia ali. Foi nesta altura que comecei a ir ao Frágil. Felizmente tenho uma capacidade grande de lidar com a tentação.

O que é o Luís Miguel Cintra lhe dizia das suas experiências em televisão?

Ele agora é mais compreensivo, mas na altura não gostava nada quando íamos fazer televisão, sobretudo pelas indisponibilidades.

O momento em que sentiu a força toda da televisão foi quando fez a Mafalda, d’“Ana e os 7”?

Não sei o que é isso de sentir a força toda da televisão. Mas antes da “Ana e os 7” eu tive a dra. Madalena, da “Fúria de Viver”, fez um sucesso enorme. Era abordada desde os carochos dos parques de estacionamento às tias das casas de chá. Mas também já fui abordada por papéis no teatro, como pela Arkadina, d’”A Gaivota”.

Sente que, sobretudo em televisão, tem tido sempre papéis muito estereotipados?

Sim. Há muita tendência para catalogar os atores, sobretudo na televisão. Esta é cómica, esta é dramática, esta faz sempre a rica falida… Há muita tendência para me darem personagens de uma classe média-alta, mas eu adorava fazer uma mulher do povo. Ou uma xunga! Felizmente, como além da televisão continuo a fazer muito teatro, não sinto o efeito castrador desses estereótipos.

Até na maior experiência que teve em cinema, como protagonista, “Quinze Pontos na Alma”, de Vicente do Ó, fez o mesmo perfil de personagem. Sente falta de fazer mais cinema?

Sim. Mesmo o cinema, ao mesmo tempo que me fascina, assusta-me muito. Acho que só quando fizer 60 anos e atingir o estatuto do “não quero saber” é que vou voltar a tentar com mais afinco.