Presidente da ERC em silêncio sobre caso Arons

       

O presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), Carlos Magno, recusa tomar posição sobre a conversa informal que Alberto Arons de Carvalho, vogal do regulador dos media, teve com José Sócrates sobre um processo daquele organismo, antes de o mesmo ser discutido internamente. Por seu lado, Arons de Carvalho diz ao SOL que “têm sido publicadas muitas mentiras” sobre o assunto.

Carlos Magno sublinha que tem um princípio de que não abdica: “Não comento escutas telefónicas, nem nada que decorra de escutas, mesmo que sejam legais, sejam elas do Pinto da Costa, sejam do Sócrates, sejam do Luís Filipe Vieira, sejam do procurador”.

Neste caso, as escutas envolvem precisamente José Sócrates. O ex-primeiro-ministro socialista foi escutado, a 4 de fevereiro de 2014, a trocar impressões com Alberto Arons de Carvalho sobre um processo que tinha entrado na ERC e que visava o Correio da Manhã.

Sócrates mostrou pouca disponibilidade para discutir o assunto por telefone com o vogal do regulador dos media. O vogal da ERC desvaloriza as preocupações de Sócrates e refere-lhe, naquela terça-feira, que o processo seria discutido dia seguinte, à tarde, em assembleia.

Mas Arons de Carvalho terá passado outras informações sobre o processo, não se coibindo de dar pormenores sobre a extensa contestação (25 páginas) que o jornal apresentou à queixa do ex-primeiro-ministro – ele próprio, notava, era apontado na resposta do CM como um elemento parcial no seio da entidade reguladora. De qualquer modo, dizia o vogal, a decisão sobre a matéria seria dada a conhecer às partes daí a quase uma semana.

Mentiras sobre as escutas

Confrontado pelo SOL com o teor das escutas em que é visado, Arons de Carvalho remete-se, pelo menos para já, a um meio silêncio – limitando-se a classificar de “mentiras” a transcrição de algumas conversas, feitas no âmbito da “Operação Marquês”.

“Um dia falarei sobre isso, mas este não é o momento de falar”, refere o vogal da ERC. Essa intervenção será feita “na altura própria” e nos devidos termos. Mas em que altura e em que termos? “Nem eu próprio sei”, resume Arons de Carvalho.

De qualquer modo, o vogal do regulador dos media contesta o conteúdo das escutas telefónicas. “Têm-se dito muitas mentiras gravíssimas mas não é o momento, vou estar silencioso  até decidir em sinal contrário”, diz, sublinhando que “não é verdade” que tenha abordado a queixa apresentada por José Sócrates. “Não discuti, há muitas mentiras escritas nos jornais”.