Missão impossível? Só por cima deste Braga

Vamos contar uma história. Era uma vez um Domingos Paciência, um Vítor Pereira e um Paulo Fonseca. O primeiro levou o Braga à final da Liga Europa em 2011, o segundo esteve na equipa adversária (o Porto), como adjunto, que o venceu por 1-0 em Dublin, e quanto ao terceiro já lá vamos – é…

E a paciência aqui, que serviu para chegar à única final europeia da história do Braga, vai ter mesmo um papel importante. “Não vamos partir para este jogo à espera do adversário”, garante Vítor Pereira, que na primeira mão, venceu em casa os arsenalistas por 1-0. E só se explica essa vontade de carregar no acelerador para resolver o jogo com a chamada de 21 jogadores – menos Markovic por lesão – por parte do emblema turco. Bruno Alves, Raúl Meireles ou Fabiano são alguns dos jogadores que, por um lado já vestiram a camisola do Porto, e por outro, querem repetir uma sina já degustada pelo seu treinador: a de eliminar um clube português.

Pois é, do lado do Braga não há cá dramas nem missões impossíveis. Duas derrotas, uma na Turquia e outra para o campeonato nacional com o Belenenses (3-0) em Belém na jornada anterior, não preocupam Paulo Fonseca, um homem a quem sentenciaram a carreira em épocas passadas, depois de ter substituído um treinador bicampeão, que, segundo se diz, alcançou o feito graças ao saber defender (com a tal paciência). Quem? Quem? O técnico que vai defrontar no Estádio Axa, Vítor Pereira, claro está. E Fonseca, qual Tom Cruise lusitano, foi repetindo o título dos filmes do actor norte-americano como resposta à dificuldade das provas deste ano. E resultou: uma final da Taça, um quarto lugar consolidado no campeonato e uns oitavos-de-final na Liga Europa até agora. E nesta última, repetiu o chavão. “Vai ser um jogo de inteligência e equilíbrio. Tudo será decidido nos detalhes. Não é uma missão impossível”, disse na conferência de imprensa de lançamento do jogo.

Ora voltemos à história inicial. Deixemos claro que Domingos já não anda pelas equipas portuguesas, mas peguemos no seu apelido, o Paciência, com letra pequena (só desta vez, não fique chocado) para dar a fórmula de vitória ao Braga – mas não conte a ninguém. É que num jogo de futebol muitas vezes só se precisa disso mesmo: aprender com os erros do passado, muito apoio das bancadas, acreditar (e insistir) no impossível e uma pitada daquela-palavra-que-não-vamos-repetir. Já sabe? Shh, não diga alto que os turcos podem ouvir.

jose.capucho@sol.pt