Clássico esgotado sobre Veneza regressa às livrarias portuguesas

É, a par de “Morte em Veneza”, um dos clássicos sobre a cidade da laguna. Mas, ao contrário da obra de Thomas Mann, só há relativamente pouco tempo “Veneza”, de Jan Morris, teve direito a uma edição portuguesa.

Escrita em 1960, a primeira edição portuguesa apareceu em junho de 2009 na coleção de Literatura de Viagens dirigida por Carlos Vaz Marques, quando a obra estava perto de completar meio século. Seguiu-se uma segunda edição, que também se encontra esgotada, pelo que a Tinta da China vai voltar a imprimi-la.

“Veneza” não é um guia nem uma história da cidade, embora tenha um pouco de ambos. Trata-se de um livro sui generis, como de resto a própria autora.

Jan Morris nasceu no País de Gales em 1926. Serviu no Exército Britânico no final da Segunda Guerra Mundial e, como jornalista, acompanhou a primeira expedição que conseguiu atingir o cume do Evereste, em 1953.

Numa entrevista recente ao Guardian, a historiadora contou que foi no período em que esteve no exército que visitou pela primeira vez a cidade italiana, ali permanecendo durante dois meses. «O Exército Britânico levou-me a Veneza no final da Segunda Guerra Mundial, e durante dois meses tive a tarefa de ajudar a gerir todos os barcos a motor da cidade que eram requisitados, antes de seguir com o meu regimento para o Egipto e a Palestina. Foi o melhor presente que alguma vez recebi, uma maravilhosa apresentação à cidade, e desde então fiquei ligada a Veneza, escrevendo quatro livros e dois milhões de artigos».

Pai de cinco filhos, em 1964 começou a fazer tratamentos para mudar de sexo, processo que culminaria numa cirurgia realizada em Marrocos, em 1972, quando ainda era casada com a mãe dos seus filhos. Sobre a obra que agora vai ser reeditada em Portugal , a autora, que faz 90 anos em 2016, comenta: «Acho que é boa, mas demasiado longa!».

Leia aqui uma entrevista de Jan Morris sobre a ‘sua’ Veneza (em inglês).