O aviso a Passos: “O passado orgulha-nos, mas não mobiliza ninguém”

A sala encheu-se como ainda não tinha acontecido desde o início do 36. Congresso do PSD. Houve silêncio como ainda não tinha havido. E aplausos quase generalizados num pavilhão a rebentar pelas costuras. Mas não se pode dizer que José Eduardo Martins tenha arrebatado a sala.

O aviso a Passos: “O passado orgulha-nos, mas não mobiliza ninguém”

Uma das vozes mais críticas do passismo, José Eduardo Martins subiu ao palco de Espinho debaixo de grande expectativa. Já tinha anunciado que ia apontar as falhas na estratégia de Passos. E cumpriu.

"O passado orgulha-nos, mas não mobiliza ninguém", disse, depois de sublinhar o papel que o Governo de Passos teve ao conseguir tirar o país da bancarrota.

Apesar do louvor ao que foi conseguido por Passos Coelho, José Eduardo Martins acha que o ex-primeiro-ministro esteve muitas vezes mal.

"Escasseou a sensibilidade social", "foram muitos os momentos de deriva ideológica", "falámos do corte de pensões de forma fria e burocrática" – enunciou o crítico do passismo, que também reparos a fazer sobre a estratégia do líder agora na oposição.

"Precisamos desesperadamente de agir. Não podemos passar o tempo a reboque de iniciativas alheias", defendeu, para condenar a decisão da direção social-democrata de não apresentar propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2016, pondo-se à margem da sua discussão.

Crítico questiona inteligência da estratégia de Passos

"Qual foi a inteligência ou a coerência que levou a abstermo-nos ou a votar contra tudo no Orçamento?", questionou.

"O que se espera agora do PSD é uma oposição com alma, com esperança com alegria", defendeu José Eduardo Martins que acha que este é o momento de começar a pensar no papel que Portugal deve ter na Europa, que estratégia pode levar a um aumento do crescimento que sustente o Estado Social e como fazer a reforma do Estado que ainda não foi feita.

Defendendo que a liderança tem todas as condições para se manter nos próximos dois anos – até ao próximo Congresso -, não hesitou em colocar pressão sobre as autárquicas de 2017, como o próximo grande desafio do partido.

Mas não respondeu em palco ao repto lançado momentos antes por José Pedro Aguiar-Branco para avançar com uma candidatura à Câmara de Lisboa.