Escândalo das offshores implica ministro angolano

A lista de personalidades envolvidas no escândalo Panama Papers inclui o ministro angolano dos Petróleos, José Maria Botelho de Vasconcelos. 

Segundo o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, que está a revelar este caso de fuga ao fisco e enriquecimento ilícito à escala global, o governante está ligado a uma empresa que utilizou as offshores da Ilha de Niue e de Samoa, no Oceano Pacífico.

Os documentos da sociedade de advogados panamiana Mossack Fonseca, obtidos pela investigação jornalística, mostram que, a 6 de março de 2002, quando José Maria Botelho de Vasconcelos exercia pela primeira vez o cargo de ministro do Petróleo, foi apontado como um dos indivíduos com procuração para atuarem como advogados da Medea Investments Limited, uma companhia que dizia valer um milhão de dólares.

Esta empresa estabeleceu-se a 13 de setembro de 2001 na Ilha de Nieu, um paraíso fiscal  no Oceano Pacifico, e foi transferida em 2006 para Samoa, outra offshore naquela região. Acabou desativada em 16 de fevereiro de 2009. Tanto em Niue quanto em Samoa, a empresa era constituída por ações ao portador, “o que torna mais fácil mascarar sua propriedade”, refere o consórcio de jornalistas, no site onde está a publicar o caso. A Medea Investments de Samoa era ainda uma das empresas que detinham ações na companhia Blue Nile Consulting LLC de Nova York, em outubro de 2007.

José Maria Botelho de Vasconcelos é ministro do Petróleo de Angola desde 2008. Engenheiro de formação, trabalhou durante anos com a estatal petrolífera angolana, Sonangol. Segundo o consórcio, foi inicialmente ministro do Petróleo de 1999 a 2002, antes de se tornar ministro da Energia e dos Recursos Hídricos. Foi novamente nomeado Ministro do Petróleo em 2008 e chegou a presidente da organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em 2009.