Relatório: Por dia, morrem 47 portugueses por doença respiratória

Mais cancros do pulmão, mais internamentos por fibroses pulmonares e mais tumores malignos respiratórios, são algumas das conclusões do relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR) 2015 divulgado hoje na sede da Fundação Portuguesa do Pulmão. Por dia, morrem 47 portugueses por doenças do foro respiratório.

Entre 2005 e 2014, houve um aumento de 12% da mortalidade global por doenças respiratórias, revela o documento. Entre as doenças respiratórias que provocam mais mortes estão os tumores malignos respiratórios – que registaram um aumento de 21% – e também as pneumonias, que cresceram 28%. As fibroses pulmonares foram, no entanto, a doença que mais aumentou: em dez anos (2005-2014), o número de internamentos cresceu 69%. Por oposição, a única doença com resultados positivos, ou seja, com menos prevalência, foi a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC). No caso dos internamentos de utentes com DPOC a percentagem caiu mais de 30% nos últimos dez anos. Este resultado favorável está associado, segundo o relatório “à melhoria da resposta ao SNS a estes doentes, capazes de controlar a doença maioritariamente em ambulatório”.

O documento foi elaborado por 21 especialistas de renome da área da pneumologia e do setor da saúde em Portugal, que alertam para a “carência do número de pneumologistas a prestarem serviço nos Hospitais Públicos em Portugal”. Para Artur Teles de Araújo, presidente do ONDR e da Fundação Portuguesa do Pulmão, as assimetrias regionais no país são preocupantes, pois condicionam a acessibilidade dos doentes respiratórios aos cuidados de saúde. “Há acentuadas assimetrias regionais cujas causas têm de se caracterizar, de forma a podermos melhorar a qualidade e o acesso à saúde respiratória dos portugueses”, considera. “É na Região de Lisboa e Vale do Tejo que se verificam as maiores taxas percentuais de internamentos por pneumonia, seguidas das regiões Norte e Centro.

Existe uma clara lacuna de acesso a estes cuidados nas outras regiões, como é o caso do Algarve e das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira. Relativamente aos motivos e fatores que condicionam a acessibilidade dos doentes respiratórios a estes cuidados foram referenciados fatores como a distância aos hospitais, o número de dias de internamento e a existência de patologias responsáveis pela gravidade das situações clínicas, e necessidade de monitorização dos doentes”, conclui.