Pressão da esquerda não faz Costa pedir saída de Costa

António Costa quis pôr água na fervura da guerra que o opõe à Carlos Costa. O primeiro-ministro não acha que seja este o momento de pôr em causa a continuação do governador no Banco de Portugal. E pede para esperar pelas conclusões da comissão de inquérito ao Banif.

Pressão da esquerda não faz Costa pedir saída de Costa

António Costa acha que o país precisa de "normalidade nas relações institucionais" e diz que esse princípio deve aplicar-se "também  com o governador do Banco de Portugal".

Apesar de ter vindo hoje ao Parlamento garantir desconhecer a proposta de Carlos Costa para a constituição de um veículo para as imparidades da banca, António Costa não vê motivos para pedir o afastamento do governador.

"Não temos de estar sempre de acordo"

"Não temos de estar sempre de acordo", sublinhou, explicando que esse desacordo, ainda que recorrente, é normal e que recordando que o cargo de governador "é uma função inamovível" a menos que sejam detetadas "falhas graves".

Ora, "falhas graves" são as que o BE tem apontado ao comportamento de Carlos Costa e "falha de informação grave" é a expressão do Governo para qualificar o facto de o governador não ter dito ao Executivo que tinha proposto a retirada de financiamento do Eurosistema ao Banif.

Ainda assim, o primeiro-ministro acha que "é prematuro" falar do afastamento de Carlos Costa.

"Não faz sentido estar a tirar conclusões antes do fim da comissão", sublinhou em declarações aos jornalistas nos Passos Perdidos da Assembleia da República depois de mais um debate quinzenal que desta vez contou com um tom particularmente duro da líder do BE em relação ao Executivo.

O desabafo de Costa

Apesar disso, Costa acha que não há grandes divergências com os parceiros da esquerda sobre as soluções para a banca.

"Até agora não ouvi crítica nenhuma", disse, assegurando que qualquer que seja a solução encontrada "não passará seguramente por pôr os contribuintes a pagar".

Em relação à solução, o primeiro-ministro não avançou nada em concreto, mas voltou a aludir à fórmula que está a ser estuda por Itália e que Catarina Martins já tinha dito no debate que boa serve a Portugal por se destinar apenas a 1% do crédito malparado.

António Costa voltou a garantir que o ministro Mário Centeno virá ao Parlamento prestar todos os esclarecimentos sobre o e-mail ontem revelado pelo PSD, no qual se diz o ministro das Finanças apoiou a solução de compra do Banif pelo Santander, depois de este ter dito na comissão de inquérito que não o tinha feito.