Com suspensão à vista, Dilma promete não desistir

11 de maio. É nesta data que a liderança do Senado – também ela nas mãos do PMDB – prevê que se possa realizar a primeira votação sobre o processo de destituição de Dilma na câmara alta do Congresso brasileiro.

Mesmo antes de saber o resultado da votação no Congresso – a ausência de dois terços de aprovações levará a que o processo termine mesmo antes de chegar ao Senado – Renan Calheiros estabeleceu a data que poderá levar à suspensão temporária de Dilma.

Nessa votação, a oposição necessitará dos votos de apenas 41 dos 81 senadores do país, uma vez que basta uma maioria simples para dar continuidade ao debate na câmara alta. Se ela acontecer Dilma será imediatamente suspensa por um período máximo de 180 dias, durante o qual decorrerá o julgamento do caso – que, esse sim, poderá levar à destituição definitiva da Presidente.

Caso Dilma seja afastada, o cargo será automaticamente preenchido pelo seu vice, Michel Temer (ver texto principal). O líder do PMDB chefiará o governo durante quatro meses ou até ao dia em que se realizar o ‘julgamento’ propriamente dito: numa sessão presidida pelo líder do Supremo Tribunal Federal, serão necessários os votos de dois terços dos senadores (54) para que Dilma seja oficialmente destituída.

«Se eu perder, estou fora do baralho. Mas não falo da Câmara, falo lá no fim, mais ou menos lá para maio», assumiu a ainda presidente numa das raras admissões de que o processo poderá terminar com o seu mandato. Mas na conversa que manteve com 10 jornalistas na quarta-feira, Dilma também prometeu «lutar até ao fim contra esse impeachment», dizendo mesmo que o «recado principal» é o de acreditar que no domingo, ainda na Câmara de Deputados, terá «todas as chances de barrar o impeachment».

Nesse sentido foi divulgada uma lista na quarta-feira que conta com a assinatura de 186 deputados e 32 senadores que se comprometem a defender Dilma nas votações em que participarem.

Uma lista saída de negociações lideradas por Lula da Silva com membros de todos os partidos representados no Congresso mas que a oposição diz contar com nomes que já se mostraram a favor da destituição. Os organizadores explicam as divergências com o facto de a lista ter começado a ser elaborada há mais de três semanas – antes das deserções do atual bloco governativo de partidos como o PP ou PSD – mas mostram-se convictos de que os números avançados nos jornais não estão corretos: «Fazemos mapas de manhã, de tarde e de noite – eles não têm dois terços», garante a deputada Jandira Feghali, do PCdoB.

Uma crença que contraria as intenções de voto já declaradas, embora as contagens dos vários jornais não coincidam e se espere que com o aproximar da votação os dois lados intensifiquem a pressão que atualmente exercem sobre os deputados. Ontem, o Estadão projetava 346 a favor da destituição (mais 4 do que o necessário), enquanto a Folha de São Paulo contava 341 – menos um do que os dois terços. E ambos adivinhavam muito menos votos a favor de Dilma do que os 186 anunciados: 128 no Estadão e 124 na Folha.