Costa não veio ao Parlamento discutir o Programa de Estabilidade

António Costa optou por não vir ao debate do Programa de Estabilidade na Assembleia da República, num dia em que o PS conseguiu impedir que fosse hoje a votos o projeto de resolução do CDS que queria obrigar o documento a ser votado pelos deputados.

Uma vez que o projeto dos centristas deu entrada no Parlamento na passada sexta-feira, só por consenso dos partidos na conferência de líderes do Parlamento poderia fazer com que fosse votado já hoje. A proposta foi feita na reunião desta manhã pelo CDS, o PSD não se opunha, mas o PS não concordou. Com isso, não se conseguiu o consenso a que obriga o regimento da Assembleia e nem foi preciso BE e PCP pronunciarem-se sobre a matéria.

Depois de Jerónimo de Sousa ter ontem no Palácio de Belém reconhecido que o PCP não apoia o Programa de Estabilidade do Governo, a atitude do PS adiou o embaraço para a próxima sexta-feira, altura em que a esquerda terá de votar a iniciativa do CDS para evitar que o documento seja levado a votação.

"São uma espécie de autores envergonhados do documento", atacou a deputada centrista Cecília Meireles, desafiando o Governo a "pôr fim a esta encenação" que leva os partidos mais à esquerda a serem contra os tratados europeus mas viabilizarem o Governo que cumpre essas regras. "Vamos a votos", lançou Cecília Meireles no debate sobre o Programa de Estabilidade e o Programa Nacional de Reformas.

Já durante a manhã, o líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães, tinha criticado a atitude do PS, sublinhando que levar a votos os documentos que terão de ser entregues em Bruxelas até ao final deste mês é uma questão de "clareza democrática".

Pedro Marques, o ministro do Planeamento que esta tarde faz o debate em representação do Governo, recusa a ideia de "encenação" à esquerda e recorda que na próxima sexta-feira o projeto de resolução do CDS será levado a votos.

"Encenação é o que aconteceu no anterior Governo", atacou Pedro Marques, lembrando que nessa altura o Programa de Estabilidade deu entrada no Parlamento no mesmo dia em que foi enviado para Bruxelas, não dando margem para qualquer alteração que pudesse ser feita na Assembleia da República.