Foi por isso com um enorme entusiasmo que soube, através de uma pessoa amiga, que o fotógrafo viria a Lisboa inaugurar uma exposição na Galeria Barbado, em Campo de Ourique. À hora marcada (na verdade até um pouco antes) dirigi-me para lá na esperança de ser recompensado pela minha pontualidade. Puro erro: ao começar a aproximar-me, percebi de imediato que já havia dezenas e dezenas de pessoas na entrada, tal e qual como se fosse a porta de uma discoteca muito concorrida. Uma pequena multidão aguardava que a galeria abrisse para ver o grande homem em carne e osso.
Steve McCurry (n. 1950) é um fotógrafo norte-americano que tem viajado por todo o mundo, sobretudo pela Ásia – Índia, Paquistão, Afeganistão, Tibete, Camboja, China, Japão… Só na Índia – tema da sua exposição em Lisboa – já esteve dezenas de vezes.
Percebeu cedo que não era um fotojornalista clássico, quando, durante um conflito, constatou que chegava aos acontecimentos sempre depois dos seus colegas. Em compensação, captava imagens que mais ninguém conseguia. Fez grandes trabalhos para a “National Geographic”, como a reportagem ‘India by rail’ (‘A Índia de comboio’), com texto do escritor Paul Theroux, e tornou-se célebre pelo retrato da menina afegã que foi capa da mesma revista e é considerado ‘a Mona Lisa do século XX’.
Há duas semanas, na Galeria Barbado, esperei pacientemente pela minha vez para o conhecer. Estava sentado, rodeado de admiradores, que lhe levavam desde livros a bolsas de máquinas fotográficas para assinar. Ao fim de algum tempo, consegui dirigir-lhe duas palavras e que me autografasse um exemplar daquele que é, quanto a mim, um dos seus melhores livros, ‘In the Shadow of Mountains’. E foi assim que uma das ‘joias da coroa’ da minha biblioteca se tornou ainda mais preciosa.
Steve McCurry
In the Shadow of Mountains
Phaidon, 2008
152 págs. com 100 fotografias a cores
Crónica originalmente publicada na edição em papel do B.I de 23/04/2016