Costa à espera da direita para consensos na Segurança Social

Marcelo Rebelo de Sousa veio ao Parlamento no 25 de Abril pedir “consensos setoriais de regime”. Mas parece difícil haver clima para acordos. É isso ficou visível mais uma vez no debate quinzenal desta quinta-feira na Assembleia da República.

"Os consensos não se fazem em abstrato, fazem-se em concreto", lançou António Costa depois do desafio de Assunção Cristas para começar um debate sobre a reforma da Segurança Social, que a direita acusa o Governo de estar a adiar.

Costa diz mesmo que não conhece as ideias da oposição para a Segurança Social. "Desconheço qualquer ideia sua para debater a não ser um corte de 600 milhões de euros", frisou António Costa, numa alusão ao número de redução da despesa com pensões que estava previsto no Programa de Estabilidade entregue há um ano por Passos Coelho e Maria Luis Albuquerque à Comissão Europeia.

A direita tem recusado a ideia de que esses 600 milhões de euros dissessem respeito a um corte de pensões em pagamento, mas à esquerda tem-se pegado sempre nesse número quando surge o tema da Segurança Social.

Cristas prometeu em breve apresentar "propostas concretas " sobre a reforma do sistema de pensões, mas ficou claro que o clima continua azedo entre a direita e a esquerda do hemiciclo.

"É geringonça, mas funciona", diz Costa

Ao longo do debate, foram vários os apupos e apartes que dão nota de bastante crispação entre os dois blocos políticos.

Num desses momentos, uma referência ao debate potestativo agendado pelo CDs sobre o tema da natalidade foi recebido com vaias pelas bancadas da esquerda.

Noutro momento em que Costa respondia a Catarina Martins sobre o fim de contratos de bolseiros no Instituto de Agronomia foi a vez de da bancada do CDS vir uma referência ao funcionamento da "geringonça".

António Costa não deixou os apartes passar em branco.

"Sim, sim. É uma geringonça. A nós não nos incomoda nada ser geringonça. Mas a vocês incomoda-vos muito que funcione", lançou o primeiro-ministro, dirigindo-se à ala mais à direita do Parlamento.