Impasse no banco mau

O banco mau para o crédito mal parado do sistema financeiro, sugerido por António Costa e defendido por Marcelo Rebelo de Sousa por Carlos Costa, está num impasse.

Embora não se conheçam os contornos da medida e o como este mecanismo poderá funcionar, existem grandes incertezas a ameaçar esta solução.

A principal delas diz respeito ao envolvimento de dinheiros públicos na criação do banco mau. Mesmo que o Estado não tenha de avançar diretamente com os 20 mil milhões de euros que o primeiro-ministro estima como crédito malparado em Portugal, um veículo financeiro que fique com este montante de ativos problemáticos teria pelo menos de ter uma garantia do Estado. Ou seja, o Tesouro português terá de garantir que, se algo correr mal e houver incumprimento, os cofres públicos são o pagador de último recurso.

Por outro lado, este esforço financeiro do Estado poderia ser considerado uma ajuda pública ao sistema financeiro, que as regras da concorrência europeias limitam. Convencer Bruxelas desta solução é um obstáculo de peso à criação de um veículo financeiro desta natureza.

E os números de imparidades existentes na banca desde a crise financeira, que podem atingir 40 mil milhões de euros, acaba também por assombrar esta ideia.