Revolta no norte contra o Governo

O ministro Pedro Marques tem uma bota difícil de descalçar nos próximos dias. Na reunião que teve com os municípios do norte, na semana passada, o titular da pasta do Planeamento e Infraestruturas ouviu um ‘não’ inédito: o Porto recusou assinar o acordo para receber fundos comunitários do programa Portugal 2020. 

Revolta no norte contra o Governo

Paredes seguiu o exemplo da Invicta e Gaia, Matosinhos e Gondomar – câmaras socialistas – também manifestaram discordância sobre as verbas atribuídas, apesar de admitirem assinar o acordo para receber o dinheiro. 

Com o clima de tensão criado, a bola «está agora do lado da CCDR e do Governo», explica-se na Câmara do Porto. O presidente desta autarquia, Rui Moreira, espera por isso ser chamado nos próximos dias para voltar a discutir os números que cabem ao Porto na distribuição dos fundos europeus a norte.

Rui Moreira não gostou de ver ignorados os critérios que tinham sido aprovados por unanimidade pelos municípios da área metropolitana do Porto, nem do facto de «todos os Planos de Desenvolvimento Urbano entregues a norte terem tido a mesma nota na avaliação que foi feita pelos gestores dos projetos comunitários, impedindo que possam ser distinguidos entre si pelo mérito» – explica uma fonte da Câmara do Porto.

Acima de tudo, Moreira – que ainda pode vir a ter o apoio do PS nas próximas autárquicas – não gostou do montante atribuído ao seu município. Uma fonte próxima do autarca explica que, se todo o norte fosse área urbana e o montante para projetos de desenvolvimento urbano fosse distribuído per capita, caberiam ao Porto 35 milhões de euros. No entanto, apesar de muitas zonas do norte serem rurais, só couberam 26,5 milhões de euros à Invicta. 
«Só o projeto de requalificação do mercado do Bulhão são 27 milhões», aponta a mesma fonte, lembrando que até Macedo de Cavaleiros ficou com 16 milhões e que o Porto tinha apresentado projetos no valor de 160 milhões de euros para os seis anos que dura o programa.

Com estes dados em cima da mesa, Moreira está disposto a manter o braço de ferro, adiando a assinatura do acordo e a chegada das verbas, mas espera ainda por uma proposta de Pedro Marques nos próximos dias.