Rock in Rio. Quem vai?

Já os Sete Anões anteciparam o slogan do Rock in Rio quando cantavam: “Eu vou, eu vou…”. 30 anos passaram da fundação desta marca brasileira que se tornou viral e mudou a indústria musical. Hoje temos vários Primaveras, festivais nómadas ou, se se preferir, festivais com uma série de filhos.

Quando em 2004 o Rock in Rio chegou a Lisboa, a paisagem era bem diferente. Caso para dizer que a capital portuguesa tem, por certo, muitas culpas no cartório, como nos confirma Roberta Medina, por telefone: “Sem dúvida. A vinda para Lisboa materializa o sonho de a gente fazer do Rock in Rio um projeto internacional. Estamos em quatro países, isso é impacto direto da existência do projeto em Lisboa, é uma cidade que faz parte da nossa história, foi aqui que conseguimos identificar um modelo de negócio viável”.

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Ora doze anos e sete edições após o seu início, o Rock in Rio Lisboa soma e segue. Cartaz a cartaz, artista a artista, o rumo não segue atalhos, pelo contrário, ainda que desta vez não haja Rolling Stones para ninguém. Mas milagres como esse não acontecem todos os dias – e por isso é que são milagres. Pior, segundo Roberta Medina, terá sido a passagem de AC/DC a 7 de Maio pelo Passeio Marítimo de Algés e o futuro concerto de Adele, no Meo Arena, em dose dupla, a 21 e 22 de maio. Constrangimentos impossíveis de controlar. “No início houve uma frustração pois tem dois artistas que vieram a Lisboa no mês de maio que o nosso público queria ver no Rock in Rio, mas enfim, é o mercado. A Adele não faz festivais, o único que vai fazer é o Glastonbury, que é uma referência do país dela. E AC/DC está com uma tournée de estádio única deles, não está em festivais. Não há mágica”.

Mas a quem estiver a sugerir que esta é uma edição mais pobre do Rock in Rio, Roberta Medina bate o pé e diz estar “muito satisfeita” com o cartaz: “Se você olhar o cartaz vamos ter dos maiores artistas do mundo, não há discussão. Queen está esgotando há três anos arenas com essa formação com o Adam Lambert, por exemplo”. Valor seguro, portanto, para Roberta Medina. Que trata de dar um exemplo que agradou a um mar de gente, como foi, em 2004, a escolha do ex-Beatle Paul McCartney, que, assegura Roberta, “foi um dos piores negócios do Rock in Rio, o palco teve que ser quase todo mudado de um dia para o outro”.

Uma surpresa que muita gente conhece

Ainda no cartaz, há um nome do qual se torna impossível fugir, uma estreia em Portugal: Ariana Grande. Nós, tal como Medina, fechamos os olhos como se fosse certo o tumulto que Ariana Grande vai gerar no Palco Mundo, sobretudo junto do público mais jovem. “Acho que pode ser uma grande surpresa, porque apesar de ter um público fiel e muito jovem tem muita gente que não ouviu falar dela e isso vai acontecer. Muita gente acha que não conhece o trabalho dela, mas se fizer um show de hits muita gente vai cantar metade desses hits – as pessoas nem sempre ligam o seu nome à sua música”.

O resto é o que já conhecemos: um interminável ciclo de marcas e os seus respetivos brindes – coisa que sempre dá jeito para envergar no festival e conseguir passar despercebido no meio da multidão -, uma porrada de bancas de comida, mascotes que dão vontade de dar abraços, e música, música ao pontapé. Por falar em música, ainda que em modo mais teatral, é por aí que Roberta Medina define uma das grandes novidades desta edição do Rock in Rio: o musical Rock in Rio. “É uma aposta ousada, um musical no Palco Mundo é coisa inovadora. Tenho grandes expectativas”.