Liverpool e Sevilha disputam final da Liga Europa

Sevilha vai à final pela terceira vez e quer ser a primeira equipa a alcançar o “tri” da Liga Europa. Liverpool regressa 15 anos depois à final desta competição

Não há melhor frase que “hasta la vista, baby” para definir a final da edição de 2015/2016 desta Liga Europa (LE) disputada hoje às 19h45 entre Liverpool e Sevilha no estádio St. Jakob Park, em Basileia. Aquela que é para muitos a irmã bastarda da Liga dos Campeões (LC) será a primeira competição a ter o seu jogo decisivo dos eventos desportivos que ainda estão para vir (Jogos Olímpicos e Europeu são só alguns de deixar água na boca). Mas se acha que esta será uma partida só para passar o tempo, desengane-se, caro leitor. É porque esta final tem tudo para ser melhor que qualquer obra cinematográfica de ação, mas só um clube sairá vencedor. Até porque nunca se defrontaram em competições da UEFA.

Ou seja, se quer ser como o Arnold Schwarzenegger em “The Terminator” (1984) e ir embora da televisão – ou do YouTube, pois será transmitido lá também –, não o faça. Isto não é um remake (como o “Terminator Genisys” de 2015), é mesmo uma estreia.

Caso não acredite, será melhor olhar para o que são, afinal, estes dois emblemas. De um lado temos os reds, com um histórico de encher o olho nestas andanças (a 12.a final europeia, com três troféus da LE em 1973, 1976 e 2001 e uma LC em 2005), comandados agora por um homem que, ao estilo de Schwarzenegger (sim, Jürgen Klopp fez mesmo isto, nós avisámos que faria sentido), a perder os óculos em festejos de golos do Liverpool contra o Norwich (um incrível 5-4 não era caso para menos, diga-se) – coisa que já aconteceu na Alemanha, quando o alemão energético andava pelo Borussia de Dortmund –, tem incutido um espírito divertido e de combate “heavy metal” em Anfield, como, segundo o próprio, costumavam jogar as suas equipas anteriores.

Do outro, o Sevilha, que repete a presença numa final da Liga Europa pela terceira vez seguida, tendo já conquistado as duas anteriores (a primeira contra o Benfica, há dois anos, a segunda contra o Dnipro da Ucrânia, o ano passado), e que é orientado por Unai Emery, que chegou a Espanha para treinar o Valência – sem títulos –, mas quer fazer aquilo de que nenhum técnico ainda foi capaz: ser tricampeão da Liga Europa (caso o faça, leva o troféu original para casa, como dita a tradição, e logo se fará um novo), uma prova que os espanhóis também venceram em 2006 e 2007. O único a fazer um “tri” semelhante tinha sido o Bayern de Munique na Taça dos Campeões Europeus em 1976.

E os dois clubes, com dois homens jovens, motivados e bem posicionados no ranking europeu de treinadores, procuram também algo que não conseguiram alcançar nos seus campeonatos esta época (os ingleses ficaram em oitavo lugar e os espanhóis em sétimo nas suas ligas): o acesso à Liga dos Campeões. O entusiasmo de jogar esta prova continua, portanto, bem alto. 

“Este clube está habituado a ganhar troféus e nós queremos adicionar este. É uma competição forte, estamos desesperados por ‘terminar o trabalho’. Vai ser uma grande noite”, afirmou o treinador alemão ontem, durante a conferência de imprensa de antevisão do jogo, citado pela BBC Sports. Para Klopp, não há favoritos e “tudo é possível”. Até eventualmente perder de novo os óculos ou ecoar uma música dos Metallica no final do jogo, se igualar o quarto troféu da LE que o Sevilha tem e conquistar o primeiro título versão inglesa.

Já Emery garantiu que a vontade de caçar um novo troféu continua a mesma. “Este clube quer, busca e trabalha muito para o alcançar. Esta terceira final consecutiva diz muito do que temos trabalhado na Liga Europa, onde iremos jogar com um grande rival e com muita história”, disse, citado pelo jornal espanhol “Marca”.

O alemão pode ser mais extrovertido e entusiasmante, mas o espanhol também usa a união do grupo para transformar o Sevilha num emblema de respeito por essa Europa fora. Está a receita demonstrada e até haverá um português lá pelo meio: Daniel Carriço, o ex-jogador do Sporting que é o recordista de jogos desta competição (53 no total).

E claro, Beto, que entretanto perdeu o lugar por lesão. Não será então um filme que não queira ver, caro leitor. Só não corra para a Suíça sem bilhete, como avisou (e logo se retratou) Klopp. A cidade pode não estar preparada para tanto entusiasmo. Fiquemos pelas quatro linhas.