Venezuela em fuga

A maior inflação do mundo, um dos mais altos índices de violência do planeta e uma população que diariamente enfrenta filas de várias horas para conseguir entrar em supermercados praticamente vazios. O estado atual da Venezuela está a provocar a debandada da comunidade portuguesa e a aumentar a pressão sobre o regime de Nicolás Maduro,…

Os números oficiais mostram que existem atualmente cerca de 400 mil portugueses na Venezuela, dados que não contam com filhos e netos que fazem com que a comunidade lusa possa chegar perto de um milhão de pessoas. Sem conseguirem acreditar numa melhoria no futuro, muitos já deixaram o país e outros começaram a fazer planos para seguir o mesmo caminho.

De acordo com o Conselho das Comunidades Portuguesas, na zona ocidental do país, o número de pedidos de passaporte que chegam aos conselheiros das comunidades portuguesas não para de aumentar. Colômbia, Panamá, Estados Unidos, Portugal e Espanha são os países que começam a procurar como alternativa a uma vida que deixaram de ter na Venezuela.

Ao SOL, um dos responsáveis por uma página de Facebook de apoio aos portugueses que vivem na Venezuela – SOS Venezuela – explica que “há cada vez mais portugueses a deixar o país e que este vai ser o cenário mais vulgar nos próximos tempos”. A página foi criada nesta rede social como forma de abrir um espaço de denúncia e de informação sobre o que se passa no país, “porque infelizmente a realidade é censurada de forma sucessiva e constante nos meios de comunicação locais, ora encerrando-os, ora bloqueando sites ou redes sociais, ora ameaçando os que tentem denunciar o que ao governo não interessa mostrar”.

Colômbia pronta a atacar

A degradação social acompanha o caos político que se instalou em dezembro, quando uma coligação de opositores do regime alcançou uma esmagadora vitória nas legislativas que a deixou com maioria de dois terços na Assembleia Nacional (AN).

Uma realidade que tem sido ignorada pelo regime, como se viu na decisão de Maduro ao decretar o estado de emergência na semana passada. Algo que só poderia fazer com a autorização da AN, que na terça-feira rejeitou a medida em plenário. Até que no dia seguinte os juízes do Constitucional, incluindo 12 que foram nomeados já depois da derrota eleitoral, consideraram legal o decreto assinado por Maduro.

E justificada com a teoria de sempre, que responsabiliza a comunidade internacional pela crise venezuelana: o estado de emergência, que entre outras coisas permite ao Presidente autorizar ações militares sem aprovação dos deputados, foi justificado pelo próprio com supostos planos de Álvaro Uribe, ex-Presidente da vizinha Colômbia: “Uribe odeia a Venezuela e pediu uma intervenção armada de um exército estrangeiro nesta terra sagrada”.

*com Sofia Martins Santos