Taça: Braga quer repetir feito com 50 anos

O Sporting de Braga está de volta a uma final da Taça de Portugal, depois do ano passado ter perdido para o Sporting (3-1 em penáltis depois de um alucinante 2-2) – os leões também venceram há 33 anos, mas por 4-0. Desta vez vai jogar contra o FC Porto, equipa que procura redimir-se no…

Este ano tivemos os dois principais clubes lisboetas, Sporting e Benfica, a lutar até ao fim pelo campeonato, com a vitória para os encarnados. Agora é o norte que desce até à capital portuguesa para ver quem leva a taça para cima, a partir das 17h15 – as bancadas já estão completamente esgotadas. Só que o finalista vencido da época 2014/2015 vai entrar em campo com uma data histórica em mente: o dia 22 de maio de 1966, o ano em que o Braga recebeu das mãos do Presidente da República (PR) da altura Américo Tomás, a sua única Taça de Portugal, após um triunfo contra o Vitória de Setúbal (1-0).

 Se os bracarenses liderados por Paulo Fonseca vencerem hoje vão receber o título pelas mãos de outro Presidente, mas que é um fã confesso do clube minhoto – nada mais, nada menos, do que o agora PR Marcelo Rebelo de Sousa. Há 50 anos talvez o entusiasmo não tenha sido tanto por parte do chefe de Estado: Américo Tomás tinha sido presidente do Belenenses em 1944.

O herói argentino

E nesse dia quem foi afinal o herói? Não foi um português mas sim o argentino Miguel Perrichon – que levou para casa um prémio de 13.2 mil escudos, ou seja, 65.84 euros – que marcou o único golo aos 77’ e derrotou uma equipa que tinha vencido a taça no ano anterior contra o Benfica (3-1).

Mas mais do que a conquista, o que marcou mais os adeptos arsenalistas foi o percurso do Braga até chegar à final. Eliminou o Ovarense (5-2), o Atlético (3-2), o Lusitânia (3-0 e 3-2), o Benfica onde jogava um tal de Eusébio (4-1) e finalmente o Sporting, campeão nacional, com uma terceira partida, pelos pés, outra vez, do argentino.

Conta-se que o estádio tinha 35 mil pessoas nas bancadas, maior parte sadinos, ou seja, praticamente esgotada (cerca de 37 mil lugares disponíveis) – um quinto lugar na liga, mais uma vitória por 8-1 contra os arsenalistas para o campeonato, davam confiança ao Setúbal.

Mas a turma minhota, liderada pelo treinador Rui Sim Sim revelou-se heroica, com a ajuda de um jogador que já tinha conquistado uma Taça de Portugal com a camisola do adversário que irá encontrar novamente em 2016: o guarda-redes Armando da Silva, venceu o título em 1958 – no banco, só tinha 19 anos – e é o único a ter vencido pelos dois clubes na história do futebol português.

Festejou com Canário [abaixo na imagem], capitão dessa equipa, um título que é o “maior orgulho, e que brilha nas vitrinas do Museu”, descreveu o presidente António Salvador numa mensagem no site oficial do clube, aquando da morte de Rui Sim Sim há dois anos.

Este ano, o atual treinador Paulo Fonseca procura vingar as outras quatro finais perdidas da sua equipa. Não terá, contudo, tarefa fácil. Primeiro porque vai defrontar a equipa que liderou em 2013/2014 numa experiência de má memória – o treinador saiu quando a equipa estava a nove pontos do líder Benfica, após nove meses de ter assinado contrato. E depois porque a história não joga a seu favor.

Mas este ano tudo melhorou: o Braga ficou em quarto lugar, chegou aos quartos-de-final da Liga Europa, às meias-finais da Taça CTT e agora à final da Taça de Portugal, naquele que poderá ser o seu último jogo pelos arsenalistas. “No domingo faz 50 anos que o clube venceu a Taça de Portugal. Os jogadores têm de perceber que é um dia único nas nossas vidas, podemos ficar na história do clube”, disse Fonseca em entrevista ao site da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

Já Peseiro imagina-se a vencer. “Imagino-me a vencer, isso é importante. É um momento em que ninguém vai acusar cansaço nem dores” afirmou também ao site da FPF. O técnico dos dragões até sabe o que é vencer pelo Braga: em 2013 ganhou a Taça CTT contra a equipa que agora orienta (1-0). Caso tenha mais um resultado negativo, será difícil manter a confiança dos adeptos e até do próprio presidente Pinto da Costa.

No Jamor joga-se, ao mesmo tempo, o passado e o futuro. Por isso, certezas só teremos uma: o Norte sairá a vencer.

jose.capucho@sol.pt