Bebé nasce 15 semanas depois de a mãe entrar em morte cerebral

Centro Hospitalar Lisboa Central fala do período mais longo alguma vez registado no país

Nas últimas semanas, as equipas Obstetrícia e da Unidade de Neurocríticos do Centro Hospitalar de Lisboa Central tiveram em mãos um dos casos mais difíceis de que há memória: tentar garantir a viabilidade de uma gravidez ainda de pouco tempo mesmo depois de ser declarada a morte cerebral da mãe. A criança nasceu esta tarde de cesariana, depois de 15 semanas com a mãe ligada às máquinas. É um menino e pesa 2,350 quilos.

Em comunicado, o hospital revela que, de acordo com as equipas médicas que acompanharam o caso, trata-se do período mais longo alguma vez registado em Portugal de sobrevivência de um feto em que a mãe está em morte cerebral. A instituição não adianta muitos detalhes sobre o que se passou. Refere apenas que a mãe, de 37 anos, não resistiu a uma hemorragia intracerebral. Foi-lhe declarada morte cerebral no dia 20 de Fevereiro, a condição para ser declarado o óbito. Perante a gravidez, e uma decisão que envolveu a família da mãe e do pai, foi acordado manter a gravidez até às 32 semanas, quando a criança poderia ter hipótese de sobreviver. Após parecer da Comissão de Ética e Direção Clínica do CHLC, foi isso que aconteceu.

O CHLC adianta que o conselho de administração procedeu à nomeação de um conselho científico para acompanhamento do processo, em cuja composição se integrou um representante da Ordem dos Médicos, um representante da Comissão de Ética, um obstetra e a equipa de intensivistas.

Estes são casos bastantes raros. Entre 1982 e 2010 foram divulgados cerca de 30 a nível internacional. Só 12 crianças sobreviveram.