Rui Maria Pêgo. Sair do armário por solidariedade

Carrega o estigma de ser “filho de” e na semana passada entendeu que devia dizer ao mundo a sua orientação sexual. Em pleno séc. XXI uma notícia destas não devia ser notícia, mas ainda o é, infelizmente. Cada um que seja feliz à sua maneira

Rui Maria Pêgo. Sair do armário por solidariedade

O atentando de Orlando onde um louco com simpatias ao Estado Islâmico matou 50 pessoas que estavam numa discoteca gay, originou uma discussão sobre as motivações do assassino: foi um crime homofóbico ou um atentado contra a liberdade, independentemente da orientação sexual das vítimas?

Em Portugal, este crime hediondo está na base de algum folclore que envolve humoristas, comentadores de televisão, e um radialista e apresentador de televisão. O humor negro é uma arma perigosa, pois a fronteira entre o bom e o péssimo gosto é muito ténue, mas só faz sentido na afronta aos costumes e à moral vigente. Se é fácil condenar os assassinos dos cartoonistas que ridicularizaram o profeta Maomé, insinuando-se nalguns casos que seria homossexual, não se pode depois condenar um humorista que brinca, lá está, com a morte dos 50 clientes de uma discoteca gay em Orlando, EUA. Pessoalmente acho de mau gosto a brincadeira de Rui Sinel Cordes, mas tem todo o direito em fazê-la até porque vive de brincar com coisas sérias. Parece que nas redes sociais foi arrasado – suponho pelos mesmos que aplaudiram os cartoonistas -o que o levou a despedir-se do Facebook, o que revela falta de “arcaboiço” para suportar as críticas. Quem brinca com coisas sérias deve estar preparado para ser atacado…

A semana foi dominada pelo atentado em Orlando. Rui Maria Pêgo, radialista e apresentador de televisão, no Facebook, deu asas à revolta que lhe ia na alma sobre o massacre, tendo aproveitado a ocasião para assumir a sua homossexualidade, até para demonstrar a sua solidariedade com as vítimas. Rui Maria Pêgo é filho de Júlia Pinheiro e de Rui Pêgo e a sua afirmação teve um impacto estrondoso. Parece mentira, mas é verdade. Qual é a importância de sabermos que os fulanos A ou Y são homossexuais, bi ou tri?

Depois da crónica de Rui Maria Pêgo, um comentador televisivo com voz de bagaço e ar de arruaceiro não quis ficar na sombra e num programa televisivo disse, mais palavra menos palavra, que a homossexualidade faz mal à saúde. Claro que o folclore fez desviar a atenção para o mais importante: independentemente da orientação sexual, os seguidores do Estado Islâmico querem acabar com todos os infiéis.

P. S. Esta senha contra os homossexuais é mesmo estranha, atendendo até ao que a rapaziada do Daesh faz entre si, como variadíssimas reportagens já o demonstraram ao longo dos anos…