Escócia volta à ribalta em Reino menos unido do que nunca

Na primeira reação, Sturgeon disse apenas que o seu país vê um futuro dentro da EU e anunciou conferência de imprensa para a manhã de sexta-feira

Escócia volta à ribalta em Reino menos unido do que nunca

Quando a única indicação era uma sondagem da Yougov que apontava para a permanência, logo Nigel Farage apareceu a dizer que a 48 horas de prazo alargado no registo de eleitores poderiam ter sido decisivas na então provável derrota dos eurocéticos. Mas ao início da madrugada, com os resultados a mostrarem um destino diferente, as desculpas começaram a aparecer noutros lados.

No Partido Trabalhista ­– que nos últimos anos perdeu a hegemonia eleitoral na Escócia para os nacionalistas do SNP ­– surgiram as primeiras vozes a sugerir um "fraco empenho" do partido liderado por Nicola Sturgeon nesta campanha. Nas redes sociais ia-se mais longe: os nacionalistas escoceses podem muito bem ter votado no Brexit, mesmo que não o apoiem, pois assim voltam ter a oportunidade de referendar a sua própria independência.

Durante a campanha, Sturgeon foi mais comedida em relação a essa perspetiva do que o seu antecessor Alex Salmond. Mas sempre foi alimentando a ideia de que um voto pela saída justificaria nova consulta no território nortenho da Grã-Bretanha, uma vez que o seu país prefere a ligação europeia e há dois anos viu a independência rejeitada por uma diferença de menos de 400 mil votos em mais de 3,6 milhões de eleitores.

E os resultados de ontem não serão comprometedores para o SNP, pois ao contrário do que se sucedeu em Inglaterra – onde a saída venceu por 53,4% contra 46,6% -, na Escócia a permanência venceu (62% – 38%), mesmo que a taxa de participação tenha sido 6% inferior. Ou seja, nem podem ser acusados de ter boicotado o futuro europeu do Reino como ainda têm a legitimidade de exigir um novo referendo por estar provado que os escoceses preferiam a outra via.

Na primeira reação, Sturgeon disse apenas que o seu país vê um futuro dentro da EU e anunciou conferência de imprensa para a manhã de sexta-feira. Não será de espantar que esta se torne a segunda grande consequência imediata do Brexit, logo após o anúncio da demissão de David Cameron.​