Great Place to Work. Há oito empresas portuguesas na lista europeia

A flexibilidade de horário, a possibilidade de trabalho remoto ou a oferta de oportunidades para trabalhar no estrangeiro são alguns dos aspetos oferecidos pelas empresas premiadase que são elogiados pelos colaboradores. O ambiente e o reconhecimento do trabalho são outras vantagens em destaque.

São oito as empresas portuguesas que integram a lista europeia do Great Place to Work, mas apenas uma é de capital 100% português, a ROFF.  A empresa – com sede em Lisboa, mas com escritórios espalhados em várias cidades – é especializada na consultoria de soluções de software de gestão da empresa alemã SAP e está entre as 25 organizações reconhecidas a nível europeu na categoria “Empresas de grande dimensão”, ocupando o 23º lugar.

A nível nacional, a Roff ocupa o 2º lugar entre as empresas com mais de 250 colaboradores. O “ambiente de trabalho e o reconhecimento em função do desempenho e do esforço adicional” são os aspetos positivos destacados pelas empresas. Por seu lado, a ROFF destaca a comemoração de acontecimentos especiais, a flexibilidade de horário, a possibilidade de trabalho remoto ou a oferta de oportunidades para trabalhar no estrangeiro, são algumas apontadas pela empresa e, que no seu entender, “fazem da empresa um bom local para trabalhar”.

Mas as vantagens não ficam aqui. A empresa destaca também alguns dos benefícios que são atribuídos aos trabalhadores, como o seguro de saúde, seguro de vida, apoio na assistência à família, serviço de massagens e estética, consultas de medicina geral e nutrição disponibilizadas gratuitamente ou um plano de pensões apoiado pela empresa.

Para o administrador da ROFF, Francisco Febrero, o segredo é simples: “Um excelente lugar para trabalhar é aquele em que se confia nas pessoas e se tem orgulho no que se faz. Acreditamos que o sucesso das empresas é proporcional à sua capacidade de criar bom ambiente corporativo, por isso investimos na motivação dos nossos colaboradores. São eles a razão da excelência porque somos reconhecidos no mercado”, diz.

Além da ROFF, foram distinguidas a Mars, a Cisco Systems, a AbbVie, a Volkswagen Financial Services, a Janssen-Cilag, a Diageo e o SAS Institute, todas no ranking das melhores multinacionais para se trabalhar. Esta categoria considera empresas reconhecidas em, pelo menos, três países diferentes. A Mars e a Cisco Systems integram o Top 5 das multinacionais, em 1º e 4º lugar, respetivamente. As restantes integram o Top 25, com a AbbVie em 9º, a Volkswagen Financial Services em 12º, a Janssen-Cilag, da Johnson & Johnson em 18º, a Diageo em 19º e o SAS Institute em 21º lugar.

O acolhimento agradável (93%), o orgulho nos resultados da atividade e na organização (93%) e a ética e honestidade da liderança na gestão do negócio (92%), a par da ausência da discriminação (96%) e da qualidade das instalações (94%) são os pontos fortes do indicador nacional. “As organizações que registam um índice de confiança mais elevado são maioritariamente empresas consideradas como ambientes Great Place to Work há mais de cinco anos, já distinguidas a nível europeu, e que se encontram tendencialmente, e de forma consistente, entre o top 10 nacional”, esclarece a organização.

O tratamento igualitário independentemente da raça, da orientação sexual ou do género dos seus colaboradores (95%) e a promoção de um local de trabalho fisicamente seguro (94%) são os critérios que apresentam as taxas de satisfação mais elevadas. “A ética e a honestidade da liderança na gestão do negócio (92%) é um tópico bastante relevante e ilustrador deste grupo de empresas, nas quais é assegurado um agradável acolhimento aquando da integração (93%) dos colaboradores. Talvez, também por essa razão, os colaboradores revelem tanto orgulho nos resultados da atividade e na organização (93%)”, acrescenta.

A redução de horário em dias especiais – como aniversários -, a atribuição de dias de férias extra, a dispensa em “pontes” ou épocas de festa, como o Natal e a Páscoa, são algumas das mais-valias para os colaboradores. O seu bem-estar promove-se, também, através de momentos de celebração com a família e de práticas de trabalho flexíveis. Também o incentivo à prática de voluntariado contribui para o desenvolvimento pessoal do colaborador e para o seu bem-estar. Assim, em 2016, 64% das empresas incentivam os seus colaboradores a envolverem-se em atividades. 73% remunera até 50 horas (2 dias) de voluntariado por ano. No caso de 9% das empresas, estas ultrapassam as 150 horas (7 dias) de voluntariado.

Ao mesmo tempo, há determinados parâmetros que registaram uma ligeira melhoria em relação ao ano anterior. É o caso, por exemplo, da “intenção de continuidade na empresa”, o acreditar no “recurso a despedimentos em último caso” ou, ainda “a disponibilidade de dar mais de si”. O que revela que os trabalhadores portugueses já sentem uma maior tranquilidade e confiança num cenário pós-crise.

CARACTERIZAÇÃO DOS PREMIADOS

O perfil deste conjunto de empresas pertence essencialmente ao setor de tecnologias de informação (três em oito) e ao de comércio e distribuição (duas em oito). A maioria das empresas distinguidas localiza-se na zona da grande Lisboa (63%) e regista uma dimensão superior a 100 colaboradores (cinco em sete). Entre este grupo de premiados contam-se três líderes femininas entre oito vencedoras da lista nacional na Europa: Ana Cláudia Ruiz, Country Director da Diageo, Iva Hristova, General Manager da Mars, e Sofia Tenreiro, CEO da Cisco Systems.

Entre as empresas do indicador nacional, a receção média de candidaturas é cerca de seis vezes superior à força de trabalho, com disponibilização de, em média, 44 horas de formação anual por colaborador. Entre as suas equipas, a rotatividade voluntária situa-se entre os 7%, sendo que a taxa de absentismo regista uma média de 1,4%.

Em relação ao género verificou-se uma ligeira melhoria em relação aos anos anteriores quanto à gestão de topo. Os cargos de executivo ou administrador eram desempenhados por mulheres em 28% (2015) e 29% (2014) dos casos, e por homens nos restantes 72% (2015) e 71% (2014). Já em 2016, os cargos de executivo/ administrador são desempenhados por 2% dos colaboradores, dos quais 31% são do género feminino e 69% do género masculino. Por outro lado, a faixa etária entre os 35 e os 44 anos representa a maior fatia (51%) no universo Great Place to Work em Portugal, este ano. Em 2015 e 2014, representava, respetivamente, 36% e 35% dos colaboradores. É a segunda faixa etária mais representativa, imediatamente a seguir à faixa etária entre 25 e 34 anos (43% e 36%). Uma tendência que, de acordo com a organização do ranking “poderá explicar-se devido ao natural processo de envelhecimento dos colaboradores entre 25 e 34 anos de idade (a faixa etária mais representada em 2014 e 2015), integrados na faixa etária dos 35 aos 44 anos em 2016”, salienta.

Recorde-se que, para eleger as 25 multinacionais Great Place to Work 2015, que se destacam a nível mundial pela qualidade do seu ambiente de trabalho, foram avaliadas 6.200 organizações, em 50 países, representando 12 milhões de colaboradores, tratando-se de um dos maiores estudos de ambientes de trabalho à escala mundial.