Bruxelas dá mais três semanas? Governo desvaloriza

“Até reunirmos na terça-feira não há qualquer decisão”

A Reuters está a avançar a informação de que a Comissão Europeia poderá decidir na próxima terça-feira dar mais três semanas a Portugal e Espanha para que corrijam o défice excessivo e evitem sanções. Mas no Governo a notícia é desvalorizada. E uma fonte da Comissão contactada pelo SOL assegura mesmo que não há qualquer decisão formada. Na geringonça vêem-se estas fugas de informação como parte de uma pressão que deve escalar nos próximos dias.

“Até reunirmos na terça-feira não há qualquer decisão. Tudo o que há são conversas informais e é impossível para já prever o que irá sair da reunião”, assegura ao SOL uma fonte da Comissão Europeia, desvalorizando a notícia avançada pela Reuters.

De resto, o Ministério das Finanças também evitar valorizar a informação. “Quanto ao teor da notícia, remetemos para Bruxelas”, limita-se a comentar fonte oficial do gabinete de Mário Centeno.

Sem comentar diretamente as declarações de Maria Luís Albuquerque, que ontem afirmava que se continuasse a ser ministra não haveria sanções, o Ministério das Finanças sublinha que “as sanções são um processo acerca da execução de 2015”.

“Continuamos comprometidos com as nossas metas”, frisa a mesma fonte, depois de a Reuters avançar com a hipótese de um “compromisso temporário” que permita a Portugal e Espanha apresentar soluções “eficazes” para corrigirem as metas orçamentais e escapar à aplicação de sanções.

Depois de ontem o vice-presidente da Comissão Europeia Valdis Dombrovskis ter lembrado que continua em cima da mesa o congelamento dos fundos estruturais do Programa Portugal 2020 como forma de sanção, ficou evidente a escalada de pressão sobre o Governo português.

As pressões começaram com uma notícia do Le Monde no início da semana passada dando como certa a aplicação de sanções. Depois disso, o ministro das Finanças alemão apareceu a dizer – e depois a corrigir – que era certo um segundo resgate para Portugal e na sexta-feira foi a vez o chefe do Mecanismo de Estabilidade Europeu usar o Twitter para se dizer “preocupado” com a situação portuguesa.

Os sinais estão a deixar inquietos os partidos que apoiam o Governo, que começam a acreditar que a possibilidade de sanções é real, apesar de o mais provável ser uma suspensão ou um adiamento desse castigo.

À esquerda, vê-se nesta sucessão de notícias e declarações uma forma de tornar mais duras as negociações entre PS, BE, PCP e PEV para o Orçamento de 2017, que vão durar todo o verão.