Défice da balança comercial diminui 164 milhões em maio

Dados do INE revelam que exportações de bens registaram uma quebra de 0,7% mas as importações caíram ainda mais (3,6%).

O défice da balança comercial portuguesa atingiu os 927 milhões de euros no final de maio, o que representa uma diminuição de 164 milhões relativamente ao período homólogo de 2015.

De acordo com as estatísticas do comércio internacional, ontem divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), as exportações de bens registaram uma quebra de 0,7% face a maio do ano passado mas as importações caíram ainda mais (3,6%).

Para este resultado contribui  a descida de 10,1% na evolução do comércio extra-UE. Ainda assim, esta quebra é inferior à verificada em abril (-20,3%). No comércio intra-UE, as exportações aumentaram 2,7% (4,1% no mês anterior).

Os dados do INE indicam, no entanto, que se excluirmos os combustíveis e lubrificantes, o défice da balança comercial registou um acréscimo de 213 milhões de euros para 734 milhões de euros. 

Excluindo estes produtos, as exportações aumentaram 2,2% mas as importações subiram 6,8%. “Desde junho de 2015, as exportações e importações excluindo os Combustíveis e lubrificantes têm registado crescimentos superiores aos da totalidade das exportações e importações. Este diferencial de evolução reflete em larga medida o impacto da redução dos preços relativos dos Combustíveis e lubrificantes”, salienta a nota publicada pelo instituto.

A análise por grandes categorias económicas indica que tanto nas exportações como nas importações “destaca-se claramente a redução dos combustíveis e lubrificantes (respetivamente, -32,9% e -52,9%)” relativamente a maio de 2015. 

Em sentido contrário, o INE evidencia o “aumento” das exportações de máquinas e outros bens de capital (9,8%) e das importações de material de transporte e acessórios (+12,3%) e de bens de consumo (+12,8%).

Já a análise por países revela que as maiores reduções homólogas registaram-se nas exportações para países como Angola e a Holanda. No primeiro caso, as vendas caíram 42,5% e no segundo 19,8%. Em sentido contrário, as maiores subidas verificaram-se para a Bélgica (17,3%), Reino Unido (+11,6%) e a China (7,2%).

No que toca às importações, as maiores descidas ocorreram também em Angola (-99,7%) e Estados Unidos (-39,7%) e Itália (-3,4%). Em sentido inverso, os países que registaram os maiores aumentos foram a China (+24,5), Alemanha (10,1%) e Reino Unido (9%).

O impacto do Brexit 

No comunicado ontem divulgado, o INE faz um destaque em relação ao Reino Unido, afirmando que “ainda não conhecidos os moldes em que se poderá concretizar a saída da União Europeia, na sequência do referendo”.

No entanto, o organismo de estatística não tem dúvidas em referir que “um acesso diferenciado do Reino Unido ao Mercado Único Europeu, com o eventual estabelecimento de tarifas alfandegárias nas transações de bens, a desvalorização da libra face ao euro, o clime de incerteza, assim como a possível contração da economia e do consumo britânico, poderão afetar as exportações portuguesas”.

As exportações de bens para o Reino Unido atingiram os 3 350 milhões de euros em 2015, o que representa uma subida de 13,8% face a 2014.

Os dados do primeiro trimestre de 2016 revelam que as exportações para o Reino Unido registaram um aumento de 5,7% relativamente a igual período do ano passado. Neste período apenas as exportações para França e Espanha apresentaram aumentos superiores. Em termos globais, registou-se uma descida de 1,7%.